Café preto
forte com gotas perdidas em uma xícara branca com detalhes minimalistas fracos
em tom de marrom. Cansaço matinal pesando. Cabeça cheia de pensamentos avulsos
aglutinados em uma mente confusa. Maços de cigarros esparramos por uma mesinha
pequena. Os braços cansados se debruçam em cima da mesa de madeira. Olho para o
lado e vejo o tempo correr. O tempo leva-o pelo horizonte. O tempo já fora
desperdiçado. Os anos passaram e a xícara está pela metade, com o líquido negro
já frio. Quem dera fossem outros tempos, outros ventos. Quem sabe em outros
verões e primaveras veremos os lírios de nossos campos verdes e os frutos
amadurecerem das árvores que se apresentam magistrais em nossos caminhos.
Perfil
- Frederico de Barros Silva
- Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)
domingo, 6 de outubro de 2013
domingo, 29 de setembro de 2013
Resenha
Confira abaixo
no Raplogia, a resenha que fiz sobre o álbum Nothing Was The Same. Link: http://freeraplogia.wordpress.com/2013/10/02/review-drake-nothing-was-the-same/
domingo, 22 de setembro de 2013
Quiçá
Bom, tenho
consciência de que o nível aqui mostrado está bem baixo. Isso se dá por algumas
razões como a falta de tempo e outros contratempos que me impedem de poder
escrever todos os dias e quiçá colocar conteúdo aqui. Grande parte da minha
produção está indo para um projeto de livro. São contos, mais extensos, alguns
de até seis páginas. Não coloco aqui pois a grande maioria das editoras pediria para retirar o conteúdo. Eles exigem conteúdo original, nunca antes publicado. Assim como prêmio literários.
Mas enfim, domingo
que vem tem um texto melhor do que este autoexplicativo. Ainda vou pensar se
escrevo e coloco algum conto aqui. Quem sabe, né? Por falar nisso, ando lendo Clube da Luta e Barba Ensopada de Sangue. Dois ótimos livros, principalmente o segundo. A narrativa de Daniel Galera se dá de forma sutil e envolvente. Ao mesmo tempo em que estou lendo ambos, também leio Ensaio sobre a cegueira. Acabei por descobrir (tardiamente) que Saramago é incrível. E tudo isso está refletindo na minha literatura (para melhor). E enfim, espero poder mostrar pra quem lê aqui essa melhora.
domingo, 15 de setembro de 2013
Alegria
Deixa por aí. Coloca em qualquer
lugar. Entre a cabeceira de madeira ou nos livros da estante de ferro da
parede. Esconde entre a poeira dos papéis e a melancolia ao lado dos meus
desenhos. Por mim tanto faz. Já fiz tanto que agora tanto faz. Escolhe onde querer
colocar, pois pra mim, tanto faz. Já não importa há muito tempo. Sem graça.
Esse quarto já esquecido, escurecido onde tudo eu organizo a minha bagunça. Não
tem jeito mesmo. Já tive tempo, hoje não tenho. Nem por isso era diferente. Mas
pega um café. Açúcar ou adoçante? Entra pra ver. Entra pra enxergar o meu
mundo. Aconchega-te entre os meus lamentos e a cadeira velha que range ao mexer
para os lados.
Olha os discos tão parados. Tão
solitários a espera de um ‘play’. Ó os brinquedos. Cansados, pensativos, já se
foi o tempo deles. Que nostalgia. Antigamente isso parecia bem mais familiar.
Antigamente isso nem parecia um quarto. Era parte de mim. Parte essa feliz.
Hoje virou meu muro de lamentações. É a válvula de escape. Catarse. Como eu
queria que não fosse assim. Poderia valer, ser menos ‘tanto faz’. A gente cansa
de quem escolheu ser e ter ao seu lado. Essa exaustão causada pelo desgaste
natural que o tempo traz a tudo aquilo que é nosso. É isso. Nós cansamos de ser
feliz. Colocamos em qualquer lugar. Mas não importa mais. Tanto faz. Ficou pelo
caminho. Como tantas outras coisas ficaram a frente da minha alegria.
domingo, 8 de setembro de 2013
Freestyle
Você pode ver a cidade caindo no
caos. Cidade má, cidade suja, em frangalhos. Os ladrões estão fora das cadeias
lotadas e os negros nas favelas. Os quarteirões e esquinas cheiram a
prostituição, controlada por traficantes donos de espeluncas e empresários tão
sujos quanto os então rios, transformados em esgoto. As ruas trazem uma leve
agonia no ar. Infectada pelos sem-teto, cansada de dar abrigo aos filhos das
ruas. As ruas pedem perdão, não conseguem mais aguentar o peso dos enormes
arranha-céus. O sistema decai e mostra a verdadeira face da sociedade que
vivemos. Nós somos escravos vivendo os nossos sonhos. Sonhos medíocres,
realidades podres, padrões pequenos. Somos encurralados em nossos quintais,
pagando hipotecas e suando para um patrão dar chibatadas em nossas costas nuas.
A ditadura como nunca se viu. O regime, não militar, mas consentido por todos.
A ditadura da beleza, o controle da tecnologia. Escravos.
Assim que a noite cai, façamos nosso
ziguezague percorrendo as ruas sujas e apertadas. Entre bueiros e sinaleiras.
Lixos revirados, cães andarilhos, olhares de medo e tristeza escondido entre um
cobertor e um papelão fétido. As lâmpadas presentem a enorme escuridão que
recairá em cima de todos nós, civis e piscam, como um aviso de que a pior
tempestade está por vir e trará estragos que nem mesmo obras superfaturadas
irão contornar. Esse furacão será interior e entrará na mente do mais simples
pedreiro até o viciado em heroína do bairro pobre. Elementar que iremos bradar
as bandeiras de um país que não nos representa, aclamando uma nova era,
revolução. Seremos tão escravo quanto os negros traficados na África.
Batizaram-nos com uma nova consciência. Sem direitos, cen-sura. Iremos gostar
de tudo aquilo e agradeceremos dando nossos bens, partilhando nossas alegrias
em redes sociais. Tornaremos-nos zumbis. A tecnologia irá sugar tudo, até mesmo
nossas companhias. Ela, a verdadeira responsável por essa constante sensação de
solidão. Os médicos irão receitar os antidepressivos que seus filhos tomam.
As perspectivas se esvaem aos poucos. A esperança não passará de uma nuvem passageira dentre o céu escuro deixando-nos no breu em plena luz do dia. Seremos cegos. Cegos. Cegos e surdos. A mídia irá reproduzir sem ouvidos e o governo irá falar pelo povo. Eu não sei o que realmente importa agora. Odiávamos tanto a alegria partilhada então iremos provar da tristeza coletiva. Nada mais restará. Nada mais importará. Como hoje já não importa.
As perspectivas se esvaem aos poucos. A esperança não passará de uma nuvem passageira dentre o céu escuro deixando-nos no breu em plena luz do dia. Seremos cegos. Cegos. Cegos e surdos. A mídia irá reproduzir sem ouvidos e o governo irá falar pelo povo. Eu não sei o que realmente importa agora. Odiávamos tanto a alegria partilhada então iremos provar da tristeza coletiva. Nada mais restará. Nada mais importará. Como hoje já não importa.
sábado, 31 de agosto de 2013
Cordão Umbilical
Introspecção. Eu sempre fui assim,
quieto, introspectivo. Eu sempre estive imerso no meu próprio interior, mundo
criado por um em universo paralelo. Alheio a tudo aquilo que me rodeava e isso
se aplica a tudo que pode ser pensado. Lembro-me da minha professora ter dito a
minha mãe: “Ele é muito quieto, quase nem se mexe ou sai do lugar. Não incomoda
e tudo está bom para ele”. Isso se repetiu nos meus anos escolares. A diferença
é que eu já não tinha a mesma paciência e obediência. Nunca fui bom, ou melhor,
nunca procurei ser. Quando era pequeno, minha mãe sempre me dizia que eu não
ouvia, falava ou me expressava. Ao crescer, na adolescência, meu pai me
criticou inúmeras vezes quando isso se tornou sinônimo de irresponsabilidade.
Perdi prazos, deixei de fazer tarefas e sempre fui um zero a esquerda no
colégio. O motivo para isso tudo sempre se manteve nas escuras, até então não
descoberto.
Ao entrar na universidade aquele
horizonte de possibilidades e caminho me cegou. Por algum tempo eu pensava
somente na academia e os deveres dados por professores. Um dia, porém dei um
basta. Toquei o foda-se e caguei para a teoria. A minha ansiedade se tornava
cada vez maior e constante. Eu queria a prática, exercer aquilo tudo que estava
aprendendo. Isso por vezes me atrapalhou ao ponto de querer desistir de tudo.
Essa ânsia de querer viver o tempo perdido, de resgatar tudo que desperdicei,
em vão. Ainda penso nisso, mas não com a frequência de antes. O lamento pelo
que deixei de viver, fazer e produzir irá para o túmulo comigo. Resumidamente,
algo me atraia, mas ainda não sabia o que. E eu perseguiria isso até descobrir.
Finalmente aos poucos algo me despertara a intenção. Isso foi prosperando e
minhas pálpebras aos poucos ensaiavam um tímido despertar.
Em 20 anos, nada me tocara como
aquilo. Foi preciso uma pessoa para eu então descobrir o que queria e iria
fazer. A resposta, simples e camuflada, tinha me acompanhado quando comecei a
escrever. Eu escreveria. Eu iria fazer, praticar essa coisa chamada literatura. Nem bem sabia onde ia quando
comecei a escrever aos 13 anos. Não pretendia e meus pensamentos não sondavam
tal alternativa. Após sete longos anos descobri o que estava na minha frente o
tempo todo. E foi o mais belo dos amanheceres. O sol mais esperado quando a
caneta tocou no papel e me dei conta: seria escritor. Faria o possível.
Dormiria poucas horas durante a noite, leria mais do que li em minha vida toda,
pesquisaria e me aprofundaria em qualquer detalhe que me chamasse atenção. Não
sei se sou, mas nasci escritor. A explicação cientifica assim como a passada
por livros e professores diz que a comida ingerida pela mãe acaba por ser
recebida ao bebê pelo cordão umbilical.
O cordão umbilical não é somente a ligação
entre mãe e filho, ele vai muito além disso. O cordão umbilical é aquilo que
nos liga ao mundo. Nunca falei muito, mas necessitava me expressar de alguma
forma. A minha escrita é a forma de me conectar ao mundo. Preciso escrever e
ser lido, falar e ser escutado, pensar e provocar indagações. Eu não consigo me
imaginar fazendo outra coisa que não seja isso. Eu não consigo me imaginar
tendo uma conexão com o resto do universo se não for me expressando em palavras.
A realidade é que perdi muito tempo e é provável que demore ao lançar um livro.
Mesmo assim, o registro da primeira viagem ao centro do cérebros das outras
pessoas, totais estranhos até eu completar 20 anos, será feito com o
lançamento. Pode ser de contos, poesias ou até mesmo romances. O que importa é
o belo despertar de um longínquo sono.
"Há apenas dois lugares possíveis para uma pessoa. A família é um deles. O outro é o mundo inteiro." Daniel Galera, Barba Ensopada de Sangue
domingo, 25 de agosto de 2013
Soneto
Estava ali no topo do mundo. Podia ver
todos os outros prédios daquela sacada de mármore. Observava as luzes
cintilantes que formavam uma bela vista. Avistava aqueles arranha-céus de pé,
escorado na sacada. Não sei bem por que estava ali, mas eu precisava relaxar
depois de um dia de trabalho maçante. Era necessário estar só, porém não
sozinho, meus pensamentos não deixavam. Ainda estava no trabalho, aproveitando
meu intervalo de 15 minutos. Enquanto estaria ali, trancafiado naquele
escritório de contabilidade, outros mil lares celebrariam a presença de suas
famílias, amantes se encontrariam no apagar das luzes em motéis, homens
perdidos tentariam se encontrar em bordéis, e eu me perderia no meio de folhas
recheadas de cálculos. Embora ainda fosse capaz de perceber a minha hedionda
realidade sem aquele trabalho, eu repugnava-o com todas as minhas forças. Minha
faculdade foi repleta de notas altas, professores bons, mas não memoráveis e
colegas quase acéfalos. Sempre tive um zumbido no ouvido que mais se parecia
com um eco que tentava decifrar em vão. Tenho quase certeza que me alertava a
não continuar no curso de Economia. Eu odiava a monotonia dos estudos. O
resultado foi um canudo do qual me arrependo de ter conseguido, noites mal
dormidas e um rosto que se abdicou de sorrir, ausente de expressões, tomado
pela melancolia. Eu era isso, um quadro em branco com uma moldura de
esmorecimento.
Meu interior gritava. Eram gritos
agudos e lancinantes que me tomavam o ar. Eram gritos de vozes aflitas, entremeadas
de surdos lamentos. Eram vozes de tristeza e pesar. Minha existência até então
era um registro invadido pelo branco da nulidade de vida e emoções sentidas. Eu
era ininteligível para todos e inclusive, para mim mesmo. Era um soneto tocado
por um pianista mergulhado nas trevas tentando compor o seu último trabalho.
domingo, 18 de agosto de 2013
Maceió
O acúmulo de tudo resulta nessa
inóspita e grandiosa dor. Essa imensa angústia indesejada que se concentra ao
leste de meu coração, como se o vento parasse e se perguntasse por qual caminho
trilhar. O breu que ilumina meu olhar é o mesmo que se afunda no vazio de meu
peito. Essa dor não é passageira, nem mesmo a melancolia que vem acompanhada do
vazio concentrado em mim. Uma sensação engraçada, porém não me tira nenhum
sorriso da cara. Assim, imitando uma cachoeira colossal desabando do cume de
uma montanha. Vem com força arrebatadora, mas quando pode ser vista ao passar
dos galhos e pedras, peixes e areia, não traz nada consigo, somente a força
sobrenatural rasgando a natureza, tirando das casas as raízes fincadas na terra
e as certezas plantadas, empurrando para baixo a vegetação rasteira e afundando
qualquer esboço de felicidade. O turbilhão de peixes é afastado pelo magistral
esforço feito pela água que não trata de limpar, mas sim, misturar aqueles
sentimentos impuros e negros. Traz a confusão que flutua com a sujeira vista na
água clara. Uma onda insipidamente colorida com as cores do caos latente,
movida pela melancólica marolinha que molha o desamor e pinga em minha face
adoecida.
Essa dor não é passageira, ela
pernoitará a noite e quiçá o dia. Ela irá se afundar dentro de mim e me
atormentará ininterruptamente. Se concentrando em meu peito, como o vento de um
tornado que para e se pergunta por qual diretriz se deixar levar. Não saber
onde ir é sempre uma forma de chegar, até mesmo ao seu cume interior embora a
vista não seja das mais belas. Se reconfortando na saudade, bebericando no
chafariz da nostalgia procuro me encontrar. Puxando todas as pequenas raízes,
esperando que aquilo me traga o que ainda restou. Da terra molhadas, das pernas
cansadas, dos pés calejados. Pés cansados da vida de andarilho. Pesados pelo
fato de carregar em seus calcanhares todos seus sonhos. Pés que abrem os
caminhos. E que os caminhos se abram, assim como meu peito. Como numa
impossível que ele seja tomado pela alegria, deixando de lado o tormento
escorrer como uma ferida aberta. Ferida aberta de uma torneira lacrada e
guardada pelo remorso. Como uma torneira que desperdiça a água que sai do seu
ventre, como o filho que faz força ao adentrar o mundo canibal e sair do carinho
maternal. Como o coro contido que se esvai aos poucos. A enorme cachoeira
relatada. Vem e quando não se nota,
carrega a força descomunal para no final deixar a si com nada. Absolutamente
nada. Absolutamente nada no peito, que aos poucos será tomado pela enorme
angústia que fica à espreita, pestanejando uma casa tal qual o órfão que ronda
o lar.
Quero minha casa, meu lar. Ouvir o
amanhecer brotar, sentir a respiração amadurecer, a pele ser tocada pelo frio.
Os seres de pele fria sempre combinaram comigo. O frio conforta e leva consigo
aquilo que o calor não preenche. O sol nem sempre ameniza aquilo que é vago.
Bom seria voltar para a casa. O frio irá de congelar essa enorme solidão,
regará a euforia e ensimesmado refutará o calor que não aquece, intangível aos
que somente tem a visão. O frio irá de congelar as águas e mares desse rio. E
virão outros rios, e virão outros mares. Maceió.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
PLMDDS
Estava novamente na estrada, meu
destino era Criciúma. Paramos em Sombrio por aproximadamente 20 minutos.
Sombrio é 1 hora distante de Criciúma, e a parada naquela cidade era mais uma
daquelas que estava no cronograma da viagem. Um bar-restaurante à beira da
estrada para os viajantes comprarem algo e irem ao banheiro. Fui um dos
primeiros a descer do ônibus e me dirigi ao banheiro. Logo após sair de lá, ao
ir para o ambiente externo avistei dois homens se abraçando de forma intensa.
Nada demais, continuei andando e chequei meu celular ao mesmo tempo em que
comia um salgadinho. Foi então que os olhares dos então presentes me fizeram
reparar em um beijo homossexual. Minha reação foi nula, visto que estão nos
seus direitos, mas para os expectadores não. Faces incrédulas como se não
acreditasse que fosse possível dois homens se beijarem. Devem ter pensando “que
ousadia”, ‘audácia’ e afins. Alguns devem ter se sentidos invadidos,
consternados e até mesmo incomodados pelo gesto de afeto protagonizado pelo
casal. Pois bem, eles idem. Acabaram saindo de vista por causa dos olhares
nada discretos. As pessoas estão no seu direito de reparar também, e vamos ser
sinceros, como sociedade estamos longe de uma consciência moderna. Ainda temos
um longo caminho a trilhar para escapar de certos dogmas e tabus. Já ocorreram
beijos gays em novelas, tais quais em filmes, tendo até o tema como propósito.
Recentemente vi em uma novela que um
dos principais protagonistas é gay. Outras novelas já abordaram o assunto e
tiveram homens e mulheres interpretando esses papéis. Na elaboração do
personagem, sempre está presente o bom humor e o fato de serem engraçados para
mascarar o preconceito, caindo no gosto do grande público. Mas então, porque é
tão difícil aceitar um homossexual quando nas telas isso se dá com facilidade?
Em Santa Cruz do Sul, há pouco tempo, o pastor e deputado Marcos Feliciano, o
autor da proposta de “cura gay” esteve palestrando em compromisso com sua
Igreja. O papa Francisco também visitou o Brasil com seu bom humor, embora não
tenha tocado em nenhum assunto polêmico, como o aborto, uso de camisinha e
outros métodos contraceptivos e a homossexualidade. Ao menos Chico cativou a
todos. A Igreja hoje conta com uma pessoa que se blinda de temas polêmicos mas revitaliza o público com
palavras dóceis e dá uma aula de como reestruturar uma marca já gasta: uma aula
de marketing. O catolicismo nunca esteve tão em baixa em solo brasileiro, um
lugar conhecido pela devoção. O argentino deu uma aula de tratamento ao
cliente, Nem nas aulas dos cursos de Publicidade encontram um professor que dê
exemplo melhor do que o Papa Hermano. Para a Igreja e sociedade, a
homossexualidade é de fato, e continuará sendo um tema complicado. Não será
Francisco que irá mudar isso. Não é uma crítica e sim uma constatação, veja
bem.
As reações vistas por mim, assim
como os risos e até ofensas me fazem pensar o quão preconceituosos ainda somos.
Temos problemas maiores como pessoas e cidadãos e mesmo assim, nos importamos
com um ato de amor. Qualquer ato de amor é válido e felizes são aqueles que se
amam, que tem alguém para amar e zelar. Não vivemos no século XV para
comemorarmos a vinda do Papa e nascimentos e filhos de casais reais. Essa visão
retrograda em nada nos acrescentará. Dom Pedro tinha inúmeras amantes, dentre
esses amantes, alguns homens. No Egito Antigo há provas do homossexualismo em sua
cultura e sociedade. O preconceito contra algo que está enraizado na historia
humana é no mínimo curioso. O homossexualismo sempre existiu e sempre existirá.
Ah, e sobre a cura gay: PLMDDS* né
*PLMDDS é uma expressão
que significa: pelo amor de Deus. PLMDDS é o título de uma
das colunas do escritor Daniel Galera n’O Globo. O autor de Cordilheira usou a
mesma expressão para falar sobre o nascimento do filho real. Galera escreve
sempre as segundas.
domingo, 4 de agosto de 2013
Eu quero saber
Eu quero me aproximar, fazer tua luz
cega parte de mim. Eu quero me adonar de tudo que existe dentro da sua alma
arruinada, do teu coração cigano, da tuas pernas leves, da sua boca deteriorada
por amores falhos e paixões inventadas. Eu quero fazer parte de tudo que é seu
porque afinal, somos feitos de pedaços alheios, roubados no apagar das luzes e
fechar das cortinas. Somos apenas colecionadores de olhares enigmáticos mais
sinceros do que as confissões e promessas nos ditas.
Eu quero saber se eu posso me adonar
de você, quero saber se eu posso mais do que além de te querer. Se nada eu
o puder, irei então mergulhar às trevas. É uma verdade ululante aquilo que
você não consegue dizer, mas o que o seu coração sente. Mesmo assim você me
abandona toda vez, como se eu fosse invadido por ondas gigantes que percorrem o
meu sul, da minha barba falha até as minhas certezas. Você não tem ideia do
quão fundo estamos ou não acredita? Querida, estamos abaixo daquela podridão
que nos cerca nos corredores da agonia e das esquinas em que a tristeza pega
ônibus lotado de sofredores.
Ouvi dizer que as noites são para
pensar e toda madrugada você vaga pelo labirinto da minha mente, entre meus
pensamentos mais depravados e cheios de amor. Quantos outros segredos você pode
manter? Me liberte de todos os dejetos, de toda minha egolatria. Vou rastejar
até encontrar a sua linha de chegada, descobrir entre tuas montanhas o que tu
guardas de mim, o que o teu silêncio gritante pensa ao meu respeito. Meu desejo é
embarcar na tua roda gigante de sentimentos mesmo com qualquer enjoo comum. Eu
quero saber, eu quero saber... mesmo que isso me mate.
Assinar:
Postagens (Atom)