Eu quero me aproximar, fazer tua luz
cega parte de mim. Eu quero me adonar de tudo que existe dentro da sua alma
arruinada, do teu coração cigano, da tuas pernas leves, da sua boca deteriorada
por amores falhos e paixões inventadas. Eu quero fazer parte de tudo que é seu
porque afinal, somos feitos de pedaços alheios, roubados no apagar das luzes e
fechar das cortinas. Somos apenas colecionadores de olhares enigmáticos mais
sinceros do que as confissões e promessas nos ditas.
Eu quero saber se eu posso me adonar
de você, quero saber se eu posso mais do que além de te querer. Se nada eu
o puder, irei então mergulhar às trevas. É uma verdade ululante aquilo que
você não consegue dizer, mas o que o seu coração sente. Mesmo assim você me
abandona toda vez, como se eu fosse invadido por ondas gigantes que percorrem o
meu sul, da minha barba falha até as minhas certezas. Você não tem ideia do
quão fundo estamos ou não acredita? Querida, estamos abaixo daquela podridão
que nos cerca nos corredores da agonia e das esquinas em que a tristeza pega
ônibus lotado de sofredores.
Ouvi dizer que as noites são para
pensar e toda madrugada você vaga pelo labirinto da minha mente, entre meus
pensamentos mais depravados e cheios de amor. Quantos outros segredos você pode
manter? Me liberte de todos os dejetos, de toda minha egolatria. Vou rastejar
até encontrar a sua linha de chegada, descobrir entre tuas montanhas o que tu
guardas de mim, o que o teu silêncio gritante pensa ao meu respeito. Meu desejo é
embarcar na tua roda gigante de sentimentos mesmo com qualquer enjoo comum. Eu
quero saber, eu quero saber... mesmo que isso me mate.
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