Deixa por aí. Coloca em qualquer
lugar. Entre a cabeceira de madeira ou nos livros da estante de ferro da
parede. Esconde entre a poeira dos papéis e a melancolia ao lado dos meus
desenhos. Por mim tanto faz. Já fiz tanto que agora tanto faz. Escolhe onde querer
colocar, pois pra mim, tanto faz. Já não importa há muito tempo. Sem graça.
Esse quarto já esquecido, escurecido onde tudo eu organizo a minha bagunça. Não
tem jeito mesmo. Já tive tempo, hoje não tenho. Nem por isso era diferente. Mas
pega um café. Açúcar ou adoçante? Entra pra ver. Entra pra enxergar o meu
mundo. Aconchega-te entre os meus lamentos e a cadeira velha que range ao mexer
para os lados.
Olha os discos tão parados. Tão
solitários a espera de um ‘play’. Ó os brinquedos. Cansados, pensativos, já se
foi o tempo deles. Que nostalgia. Antigamente isso parecia bem mais familiar.
Antigamente isso nem parecia um quarto. Era parte de mim. Parte essa feliz.
Hoje virou meu muro de lamentações. É a válvula de escape. Catarse. Como eu
queria que não fosse assim. Poderia valer, ser menos ‘tanto faz’. A gente cansa
de quem escolheu ser e ter ao seu lado. Essa exaustão causada pelo desgaste
natural que o tempo traz a tudo aquilo que é nosso. É isso. Nós cansamos de ser
feliz. Colocamos em qualquer lugar. Mas não importa mais. Tanto faz. Ficou pelo
caminho. Como tantas outras coisas ficaram a frente da minha alegria.
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