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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Running

Enquanto crianças corremos por diversão. Corremos com intuito de ver até onde aguentamos, até onde vamos.
Quando adultos corremos com o intuito de ver até onde podemos escapar das coisas de nossa vida. Corremos por medo de assumir compromissos que achamos  não ter competência para assumir. Não queremos ou não aceitamos o compromisso de lidar com um coração que não é nosso, ou de um coração que podemos quebrar. Fugimos da responsabilidade de que é crescer. Corremos da maturidade ao não aceitar que a juventude um dia acaba. E mesmo ela acabando, nós continuamos a ser crianças eternas. Corremos de tudo aquilo que nos assusta. Corremos e nos mudamos de tudo aquilo que não nos adaptamos.
Corremos, pois é mais fácil correr do que parar e aceitar os fatos e enfrentá-los de frente. Corremos por necessidade, por natureza, por vontade, por preguiça, por medo ou simplesmente pois estamos no modo automático, afinal, fizemos isso durante nossas vidas inteiras. Nós temos tudo que é preciso e ao nosso alcance. Não é preciso sofrimento, afinal, ele é opcional. Não enfrentamos nada, apenas a grande verdade que é que corremos de todos os acontecimentos que ocorrem durante as nossas vidas. Nós não temos tempo para decisões. Não temos certeza para decidir e não decidimos por tudo aquilo que já aconteceu um dia e pode se repetir. Deixamos de viver para correr, não aproveitando as estações. Nos negamos a abrir aos olhos, pois uma vez abertos, teremos que correr da fulminante verdade que nos persegue a vida toda. 
Perseguimos o dinheiro, corremos em busca de uma vida melhor, de uma qualidade de vida melhor com luxo e conforto. E enquanto isso, negligenciamos tudo aquilo que nos acontece ao redor. Eu corro de algo que nunca pode ser negado e não se pode esconder ou escapar, mesmo não sabendo do que se trata. Vivemos procurando caminhos para correr. Corremos pois ninguém enfrenta nada de frente e não queremos contrair. Ao passar de todas as fases vemos que todos estão correndo. Uns correm por correr. Outros correm em diferentes direções. Outros procuram correr para se esconder e outros correm a espera de encontrar algo. Mas não existe nada que possa ser negado: nós corremos a vida inteira de algo que não sabemos

Olhos Fechados


Nós nascemos chorando por não conseguir respirar e com os olhos fechados, lutando desde os primeiros segundos de vida. Com o passar de nossas vidas, experimentamos vários acontecimentos, que nós fazem preferir algumas estradas, fechando algumas portas.
Aos poucos percebemos que as histórias de monstros não fazem sentido, pois nossos monstros são internos. Começamos a nos fazer influenciados pela mídia, permitindo que as informações cheguem a nós. Tornamo-nos seletivos, escolhendo o que vai chegar a nós e o que vamos seguir. Mas a grande ironia é que não selecionamos nada. Somos programados, como robôs, desde nossos nascimentos até o dia de nossas mortes. Desde pequenos sofremos com simbologias escondidas e mensagens que moldam nosso estilo de vida.
São empurradas a nossas gargantas a dentro vários produtos. 'Compre isso', 'Beba Coca-Cola', 'Use isso', 'Faça aquilo'. E aos poucos nos tornamos aquilo que somos hoje: fantoches sem escolhas. E por acaso, você saiba a verdade, você será obrigado a fechar os olhos para tudo aquilo e se tornar um ignorantes. Ser feliz ou perceber nossa realidade?
É tão triste perceber o que estamos vivendo e como as grandes mentiras aparecem num piscar de olhos. Você é programado e nem sabe disso, se acha original, mas segue a risca as leis ditadas pela moda, pelo peso que deve se ter e o que é considerado bonito. Nós viramos uma ditadura invisível, onde se é seguido tudo em total liberdade. Não precisa de controle, afinal todos estamos sendo vigiados. Existe uma tortura emocional muito grande desde pequenos, onde se seguem regras ditas por seus pais e pelos seus avôs, onde se pode citar, não usar rosa, por ser cor de menina. Você menina, não use azul. Não existe igualdade sexual desde nossa infância e isso piora com o passar do tempo. Mulheres não devem ter vida sexual, se tiverem, serão conceituadas. Século XXI, cadê a evolução? Olhe para as notícias: negros presos ou na favela, racismo? Mas, e nas notícias, podemos confiar? Até isso é selecionado: o que podemos saber. Todos iguais, o errado é ser fora do padrão.
Seja você, seja original, seja programado. Beba Coca-Cola. Faça sua escolha, eu já fiz a minha. Meus olhos estão fechados

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

C.R.E.A.M.

50 disse: Get Rich or Die Tryin'. BIG diz: Mo Money, Mo Problems. Wu Tang Clan tem em sua frase mais famosa, a frase que mais tem se passado em minha cabeça..  Hammer faz seu hammer time ser blowin' time. 
Atualmente o dinheiro vem se tornando um questionamento a mais e não posso negar que a presença dele me dá mais medo do que a falta a alguns anos atrás. E eu nunca pensei que o dinheiro predominaria na minha mente, quando antes tudo parecia bem mais importante. 
Quanto mais se tem, mais se quer. Não aprendemos a subtrair, apenas adicionar. E não queremos dinheiro apenas pra comida. Queremos diversão e arte. Eu quero dinheiro de arte, dinheiro de música. Dinheiro.
Não se pode negar que o quanto mais temos, mais nos tornamos vazios e patéticos ao tentar encobrir espaços, preenchendo com o poder do dinheiro.
Provavelmente eu estarei dizendo: "I be yelling out money over everything, money on my mind", mas talvez eu esteja apenas exagerando, pois nós queremos vencer e morrer jovens. Queremos ser lembrados por algo, mesmo que fútil.
Queremos coisas que não sabemos o significado que tem, e como devemos as tratar. Queremos impressionar, queremos mostrar. Nós queremos cada vez mais. Insaciáveis pois não pensamos no futuro e nas consequências. Sob taxas e vontades, impostos e loucuras, depósitos e leilões. Nós iremos atrás de mais.

Cash Rules Everything Around Me.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

SOS


Alguns dias atrás eu tive que ir ao médico, fazer uma consulta rotineira. Saí do trabalho e chegando lá peguei a ficha e esperei me chamarem. Ao me chamarem, dei as informações para a atendente e fui para a sala da consulta. Esperei mais de 30 minutos para ser mal atendido. Ao sair do escritório, o que mais me assustou não foi o fato de ter sido mal atendido e ter me sentido ofendido e sim, me sentir inferior. Inferior, no caso, pela situação em que me encontrei e como fui tratado. O fato é que somos reféns dos médicos. Mestres, com doutorados, nos atendem como se estivessem fazendo um grande favor, como se fossemos todos inferiores a eles. E isso é passado ao cliente, que paga pela consulta, é ofendido e sai da sala de consulta com uma lista de recomendações, raio-x para fazer e exames para diagnosticar o que há de errado. Nosso complexo de inferioridade vem de situações como essas mas não é algo novo. Somos reféns de quem dependemos. Na verdade, precisamos de um hospital para as nossas almas, para nossos problemas de verdade. Precisamos de carinho, não de longas filas para atendimento. Precisamos de mais notícias boas, não de exames para procurar nossas imperfeições. Não precisamos de remédios, temos a cura dentro de nós mesmos. Por mais que isso tudo seja mais clichê, é a mais pura verdade. Não precisamos de tanto assim. Não precisamos de médicos. Não desse tipo.. precisamos de um hospital para almas.




Nós vivemos em um dos séculos mais conturbados. É evidente e por mais que a mídia acabe acobertando algumas coisas tão grandes e negativas, o impacto delas é sentido em nós. Vivemos na possível segunda grande depressão, e dessa vez não é apenas pela falta de emprego. É pelo emprego ocupar a maior parte de nossas vidas e o resto nos fazer falta. É pelos divórcios e as famílias quebradas. É pela obsessão pelo materialismo e o quanto usamos isso para ocupar espaços que acabam se descobrindo vazios enormes. Nós estamos cada vez mais usando mais remédios. A cada esquina existe uma farmácia. Porém estamos doentes por dentro. Procuramos em pílulas aquilo que o espelho não nos traz. Esperamos que remédios acabem com a dor que não pode ser localizada nem curada por métodos desse tipo.
 E o quanto mais usamos desses remédios, mais ficamos imunes a essas dores. Acabamos tornando-nos compulsivos, por mais e mais. Ansiedade pela vida, pelo tempo que foi e vai ser. Ansiedade que poderia ser e o que imaginamos que vai ser. Depressão, ataques de pânico, fobias. Nós pagamos por cura, mas cada vez mais estamos doentes. Cada vez mais sofremos mais. Sofremos com a solidão, com a conglomeração, com as angústias e com o que a sociedade impõe. Precisamos de um hospital que não disponha de soros, mas sim de palavras reconfortantes. Menos vacinas e mais gestos de carinho. Menos plásticas e mais elogios a nossas qualidades e virtudes. Mais carinho e compreensão. Não precisamos de plásticas para sermos perfeitos ou nos sertimos bem. Ao longo da vida tudo se vai, menos a nossa saúde, que hoje em dia, vai cada vez mais cedo. Tanto a mental quanto a física. Precisamos de um hospital para almas, para mentes e para vidas. Precisamos de um hospital para a humanidade.