Odeio ser
clichê, e sei que nessa época do ano brotam textos de retrospectiva,
principalmente no Facebook, todos tão iguais, exaltando suas vitórias e por
vezes alguma perda ou erro de percurso. As pessoas são hábeis em fazer de suas
experiências medíocres grandes acontecimentos, em todas as redes sociais, sem
distinção.
Mas a
questão em si não é essa. Eu tenho essa mania de analisar e repensar tudo que
faço e fiz. Por essas e outras as vezes acabo no mesmo lugar. Mesmo assim, eu
acho que não poderia ficar sem falar, até porque eu tenho pensado muito em como
escrever e entender tudo que passou. Esse é uma tentativa (frustrada) de narrar
tudo que aconteceu:
Eu
comecei 2012 como um ponto de interrogação, e acabo ele da mesma forma. Iniciei
sendo uma incógnita para mim mesmo, passei para um ponto de exclamação. Percebi
que não passava de uma vírgula, mesmo tendo passado por tantos pontos finais.
Acreditei ser como reticências, e hoje sou novamente aquela interrogação do
começo: ainda não sei quem eu sou, não sei o que estou fazendo e nem se é certo
ou errado. Passei a perceber algumas coisas que me fazem mal e outras que me
fazem feliz. Ainda não sei muito, ainda não aprendi tudo. Não consegui absorver
todos os acontecimentos, estou no caminho.
Esse ano
eu escrevi como nunca escrevi na minha vida. Perdi a inspiração, em seguida
catei ela. Imaginei nunca mais conseguir escrever e, por fim encontrei-a
novamente aonde eu nunca achei que acharia. Toquei em vários assuntos, fui
repetitivo, tentei aumentar a variedade e por fim acabei falando das coisas de
sempre, do que me faz feliz e do que me deixa triste.
Me senti
vazio, sofri em silêncio, chorei, sofri novamente, sofri um pouco mais, sorri,
acreditei estar feliz, percebi que nada havia mudado, me senti frustrado e
vazio, sofri em silêncio, mas ainda acredito ter motivos para sorrir. Foi um ano intenso, foi um longo ano.
Cheio de compromissos, trabalhos, alguns dias de puro ócio e outros
intermináveis.
Aprendi,
me arrependi, amadureci, vivi, errei, magoei, me senti morto por dentro, e
novamente, vivi. Renovei, me reinventei, reaprendi coisas tão simples, tão
comuns no cotidiano que até me envergonho de falar isso. Dei conselhos
amorosos. 10 minutos depois fiz tudo aquilo que aconselhei a pessoa à não
fazer.
Me senti
sozinho, estive rodeado de pessoas. Achei grandes amigos, perdi contato com
alguns. Com outros briguei, e em outros casos, fiz as pazes. Acreditei ser
abandonado, encontrei companhias, fiz contatos, fui descartado, descartei
pessoas e opções dadas. Fui uma confusão ambulante, por vezes sendo
incrivelmente contraditório e confundindo até a mim mesmo. Confundi amor com
sexo. Confundi sexo com amor. Confundi amizade com amor, amor com amizade.
Percebi que não entendo nada de relacionamentos. Aprendi que ciúmes não é nada
mais do que amor e ódio ao mesmo tempo.
Fiz
trabalhos ótimos. Fiz trabalhos horríveis. Fiz um blog de esportes, não vingou.
Arquivei projetos, trabalhei em alguns. Voltei a desenhar. Consegui meu
primeiro emprego (mesmo que digam que estagiário não trabalha). Cheguei várias
vezes atrasado no trabalho. Por vezes me adiantei em relação ao meu chefe. Fui
voluntário, faltei compromissos. Aprendi bastante com professores. Não entendi
algumas matérias. Amei minha faculdade. Odiei ela. Depois voltei à gostar. Me
conformei com os defeitos dela. Acreditei (e até o momento, acredito) ter feito
a escolha certa.
Fiquei
horas no computador. Ouvi música boa. Ouvi música ruim. Viciei em alguns
artistas, enjoei de outros. Conheci ótimas músicas. Ouvi as mesmas músicas
velhas. Enjoei do Facebook. Viciei de vez no Twitter. Larguei o MSN. Voltei ao
MSN. Me distanciei de todas as redes sociais. Não consegui ficar muito tempo
longe. Fiz tudo aquilo que falei que não faria. Não fiz nem metade do que
planejei para o ano. Por vezes quis que o ano acabasse, desejei não ter passado
por algumas coisas, mas no fim vi que era preciso tudo aquilo. Sofrimento,
tristeza, dor, perdão, paralisia sentimental, vazio existencial, euforia,
satisfação, sentimento de realização, sentimento de fracasso.
Eu ainda
não sei o que esperar de 2013. Nem ao menos sei analisar se 2012 foi um ano bom
ou ruim. Eu apenas sei que de todas as coisas que passaram, muitas eu levarei
para o próximo ano e outras deixarei em caixas, guardadas no meu armário de
lembranças. Como eu disse, sou uma interrogação, e aprendi a gostar disso.
Aprendi a gostar de ser. Não quero ser algo concreto, que nunca muda, que não
revê seus conceitos e muda a forma de ver algo. Ao contrário da maioria das
pessoas, eu não sei o que esperar de 2013, nem quero pensar, apenas quero que
as coisas aconteçam. Esse é o jeito que as coisas funcionam.
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