Por
um momento eu contemplo a luz cintilante que passa entre pequenos espaços
deixados pela cortina. Há uma sensação de que algo se aproxima. Não é mais do
que uma sensação, mas provoca certa angústia. Angústia esta que pode se
transformar em decepção. Não existem caminhos por onde percorrer e se isto que
chamamos de destino está regendo as nossas vidas, resta-nos somente esperar
para que o círculo se complete. Eu olho para o relógio de pêndulo encostado na
parede instalado desde os primórdios na minha família e espero-o ansiosamente
por algo que não sei o que é.
Não
saberia dizer com maestria o que sinto. Somente dar uma explicação genérica de
que estou cansado. Não saberia também responder se estou cansado por não saber
o que sinto ou não sei o que sentir pelo estado de cansaço. Mentes ligadas e
dias abertos em meio aos problemas que afugentam meu sono. Madrugadas inteiras
com as luzes acesas. Este sórdido momento em que a minha mente não está em
sincronia com nada. Desnorteado. Pela espera, pela rotina, pelo tédio e a
depressão que me assola ao sol cair. Sentimento este que partilho pela falta.
Só em poucas ocasiões isto se mostra. Principalmente quando se está apaixonado.
Outro sintoma é escrever compulsivamente coisas inaudíveis que nunca iriam sair
da mente, nem mesmo de nossas bocas fadadas ao gosto da amargura destes longos
dias de espera. Gravidade, me acuda pois estou caindo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário