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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

domingo, 27 de outubro de 2013

Atribuição de valor

            Está acontecendo a campanha à reitoria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde estudo faz dois anos. Os ventos da mudança sopram com violência. Há uma nítida sensação de que algo virá. Todos anseiam por isso, mas não sabem descrever esse sentimento. Por todos os lados estão espalhados banners e vemos pessoas entregando folhetos com as ideias de cada chapa. As pessoas conversam nos blocos sobre a eleição, mas não abrem votos. Alguns mostram claramente o seu candidato e procuram fazer campanha para tal, diminuindo ou até criticando os adversários. A academia está em estado de ebulição.
Conheço dois candidatos, somente um não conhecia antes da campanha. Alguns integrantes de chapas foram meus professores e guardo um carinho enorme pelos profissionais que são. Há boas propostas e em tese, vejo uma grande fatia ainda indecisa sem saber em quem votar. Existem também aqueles que não votaram seja por falta de informação ou por abdicar de seu direito. Por fim, não abrirei meu voto também, estou longe de decidi-lo. Ainda quero ouvir o que eles têm a dizer, claridade sobre o que pensam e desejam para o futuro da instituição.
Muitos se decidiram, seja por afinidade ou outros motivos. Um dos candidatos fora meu professor em Leitura e Produção de Textos. Foi nessa disciplina onde escrevi meu primeiro conto, ano passado. Foi ‘Obrigado, John’, um conto mal escrito, meio corrido, mas que naquele momento achei incrível. Quem pudera fosse. Hoje olho para trás e vejo que aquele oito que recebi foi generoso. O mesmo professor passara para nós o conto de Poe, O coração delator. Na época não sabia o quão magnífico era este conto, fui perceber sua importância somente depois de algum tempo.
Muitas vezes acabamos atribuindo valor a uma pessoa. Seja por um motivo específico, data importante ou outro quesito especial. Nomes de pessoas que gostamos se quando pronunciados por estranhos nos parecem tão familiar. Números relembram datas comemorativas, na grande maioria, especiais. E tornamos a decidir certas coisas baseadas nisso. Atribuo valor ao professor por ter me introduzido na literatura. Existem músicas, fotos, palavras, frases que se tornam um marco para nós. Nós impomos valor para aquilo. As pessoas tem seu significado atribuído pelo valor que damos a elas. Isso é mais comum que se pensa. Fazemos isso quase que inconscientemente. E sobre meu voto, ainda vou pensar um pouco sobre, analisar e ver o que é melhor.

sábado, 19 de outubro de 2013

Fora do mapa

[...] Conhecer países que nunca visitarei, me apaixonar por personagens fictícios, viver sentimentos que não vivenciarei. A sensação de que a vida é um grande erro e estamos aqui, fadados, de passagem, à espera de que algo nos tranquilize, nos conforte, nos conforme de que, tudo bem, em algum momento as coisas irão se ajeitar e vão rumar para o caminho certo. Essa crença desenfreada de que tudo tem um motivo e se alguém ou algo está acima de nós e nos olha, este alguém está nos observando e zelando pela nossa insignificante trajetória. Tudo o que eu quero é voltar para o início. Deitar-me em minha cama e acreditar que o dia irá raiar belo. Essa bela e triste crença de que algum dia tudo fará sentido, de que nada é em vão e tudo que fizemos se perdura mesmo sem nosso consentimento. Por favor, eu espero que um dia tudo isso faça sentido. Que isso não seja o desperdício de anos de esforço consentido. Que algo rogue por mim, que os céus se abram em um clarão de outono e os ventos prosperem para um lugar fora do mapa. Seja ele do mundo inteiro, seja eu do mundo inteiro ou do nada. E mergulharei. 
Texto postado em meu tumblr. Clica aqui pra ver ele.

domingo, 13 de outubro de 2013

O tempo

  

              Por um momento eu contemplo a luz cintilante que passa entre pequenos espaços deixados pela cortina. Há uma sensação de que algo se aproxima. Não é mais do que uma sensação, mas provoca certa angústia. Angústia esta que pode se transformar em decepção. Não existem caminhos por onde percorrer e se isto que chamamos de destino está regendo as nossas vidas, resta-nos somente esperar para que o círculo se complete. Eu olho para o relógio de pêndulo encostado na parede instalado desde os primórdios na minha família e espero-o ansiosamente por algo que não sei o que é.

                Não saberia dizer com maestria o que sinto. Somente dar uma explicação genérica de que estou cansado. Não saberia também responder se estou cansado por não saber o que sinto ou não sei o que sentir pelo estado de cansaço. Mentes ligadas e dias abertos em meio aos problemas que afugentam meu sono. Madrugadas inteiras com as luzes acesas. Este sórdido momento em que a minha mente não está em sincronia com nada. Desnorteado. Pela espera, pela rotina, pelo tédio e a depressão que me assola ao sol cair. Sentimento este que partilho pela falta. Só em poucas ocasiões isto se mostra. Principalmente quando se está apaixonado. Outro sintoma é escrever compulsivamente coisas inaudíveis que nunca iriam sair da mente, nem mesmo de nossas bocas fadadas ao gosto da amargura destes longos dias de espera. Gravidade, me acuda pois estou caindo.

domingo, 6 de outubro de 2013

Ventos


Café preto forte com gotas perdidas em uma xícara branca com detalhes minimalistas fracos em tom de marrom. Cansaço matinal pesando. Cabeça cheia de pensamentos avulsos aglutinados em uma mente confusa. Maços de cigarros esparramos por uma mesinha pequena. Os braços cansados se debruçam em cima da mesa de madeira. Olho para o lado e vejo o tempo correr. O tempo leva-o pelo horizonte. O tempo já fora desperdiçado. Os anos passaram e a xícara está pela metade, com o líquido negro já frio. Quem dera fossem outros tempos, outros ventos. Quem sabe em outros verões e primaveras veremos os lírios de nossos campos verdes e os frutos amadurecerem das árvores que se apresentam magistrais em nossos caminhos.