Está acontecendo a campanha à reitoria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde estudo faz dois
anos. Os ventos da mudança sopram com violência. Há uma nítida sensação de que
algo virá. Todos anseiam por isso, mas não sabem descrever esse sentimento. Por
todos os lados estão espalhados banners e vemos pessoas entregando folhetos com
as ideias de cada chapa. As pessoas conversam nos blocos sobre a eleição, mas
não abrem votos. Alguns mostram claramente o seu candidato e procuram fazer campanha
para tal, diminuindo ou até criticando os adversários. A academia está em
estado de ebulição.
Conheço dois candidatos, somente um
não conhecia antes da campanha. Alguns integrantes de chapas foram meus
professores e guardo um carinho enorme pelos profissionais que são. Há boas
propostas e em tese, vejo uma grande fatia ainda indecisa sem saber em quem
votar. Existem também aqueles que não votaram seja por falta de informação ou
por abdicar de seu direito. Por fim, não abrirei meu voto também, estou longe
de decidi-lo. Ainda quero ouvir o que eles têm a dizer, claridade sobre o que
pensam e desejam para o futuro da instituição.
Muitos se decidiram, seja por
afinidade ou outros motivos. Um dos candidatos fora meu professor em Leitura e
Produção de Textos. Foi nessa disciplina onde escrevi meu primeiro conto, ano
passado. Foi ‘Obrigado, John’, um conto mal escrito, meio corrido, mas que naquele
momento achei incrível. Quem pudera fosse. Hoje olho para trás e vejo que
aquele oito que recebi foi generoso. O mesmo professor passara para nós o conto
de Poe, O coração delator. Na época não sabia o quão magnífico era este conto,
fui perceber sua importância somente depois de algum tempo.
Muitas vezes acabamos atribuindo valor
a uma pessoa. Seja por um motivo específico, data importante ou outro quesito
especial. Nomes de pessoas que gostamos se quando pronunciados por estranhos nos parecem tão familiar. Números relembram datas comemorativas, na grande maioria, especiais. E tornamos a decidir certas coisas baseadas nisso. Atribuo valor ao
professor por ter me introduzido na literatura. Existem músicas, fotos,
palavras, frases que se tornam um marco para nós. Nós impomos valor para
aquilo. As pessoas tem seu significado atribuído pelo valor que damos a elas. Isso
é mais comum que se pensa. Fazemos isso quase que inconscientemente. E sobre
meu voto, ainda vou pensar um pouco sobre, analisar e ver o que é melhor.