Toda
noite eu me levanto de minha cama como se ouvisse um chamado. É algo que eu não
posso lutar contra. Um feitiço me faz percorrer o corredor escuro de minha
casa, a cada passo, uma nova memória, a cada metro, uma nova visão. Sou levado
quase que inconscientemente para o mesmo lugar de sempre, - a sacada do
meu apartamento - onde eu continuo tendo flashbacks e relembrando tudo aquilo
que não fiz. A dor que me consome internamente corrói qualquer esperança de uma
noite de sono comum.
A culpa
me acompanha pela madrugada, a tristeza se senta em um canto do meu quarto
envolto no breu. As cartas que eu nunca te entreguei são revistas e lidas na
minha mente, enquanto o relógio caminha lentamente. A sacada é o ponto de
insight. Uma paz inóspita, o meu exílio secreto, o lugar onde eu procuro aquilo
que há muito tempo foi embora. Algo que escorregou pelo meio dos meus dedos.
Acordo 4
horas no dia seguinte. O desperdício de dia e de uma nova chance de recomeçar
me mata. É hora de levantar e esperar a noite me trazer mais uma madrugada de
insônia.
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