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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Camilo

Camilo estava nervoso aquele dia. Ele parecia preocupado com todos os detalhes possíveis. Checava as horas no relógio e no celular. Nada poderia sair errado, ele já tinha tudo planejado: iria encontrar Sophia em 1 hora, levaria 2 horas para jantar e conversar com ela e então iriam para a casa dele. Lá, seria o abatedouro. Não, ele não iria matá-la e sim iriam transar. Faziam 2 meses que eles não transavam mais.
Ele sentia falta da pele dela na sua. Os carinhos que trocavam toda hora antes começaram ser tornar raros, até o ponto em que nem andar de mãos dadas andavam. Mas tudo bem pensava Camilo, devia ser uma fase ruim ou ela estava insegura consigo mesmo, bobagem de mulher. Ele até pensou em traí-la ou arranjar uma transa sem compromisso por aí, não conseguiu. Não por tentativas e sim por não querer outra que não fosse ela. Ela tinha sido a sua única namorada de verdade, antes até arranjava algumas trepadas, mas sem algum envolvimento emocional. Dessa vez era diferente, dessa vez era sexo com amor. Sua forma de dizer eu te amo era penetrando nela, era dando à ela a possibilidade do prazer, da carne sentir aquilo que a mente imagina e quer. Para ele, transar era dizer eu te amo. Ele não sabia falar de outro jeito que não fosse desse jeito. Esse tempo todo sem transar o transtornava, e Sophia parecia nem sentir falta. Para ela, não era nada. Valia muito mais um abraço sincero, um ‘te amo’ simples.
Porém tudo mudaria aquela noite. Ele mandou rosas, fez reservas em um restaurante chique, colocou sua melhor roupa e se ajeitou. Como nos velhos tempos, pelos velhos tempos. Chegou antes dela, como não fazia há muito tempo e esperou. Não fez nenhum pedido ao garçom, apenas estava preocupado com Sophia. Os ponteiros pareciam presos numa trincheira, como em uma guerra. O suor escorrendo dos cabelos negros até a sua testa mostravam com exatidão o quanto ele esperava pelo que viria em seguida.
Ela chegou, acanhada, com um vestido simples desapontando ele. Mas tudo bem, nada estragaria aquela noite. Ele não parava de pensar nas coxas grossas dela e como as encaixaria em sua cintura. Parecia balbuciar, sufocado, envenenado pelo corpo daquela mulher. Observava cada detalhe com os olhos, cobria seu rosto com o menu e esperava o momento certo de começar o discurso pronto que estava na sua língua. Os segundos se transformavam em horas, tudo parecia estar em slow motion. Seus olhares se cruzaram, os tristes e melancólicos olhos dela com o olhar arregalado de ganância dele. Suas bocas se mexiam ao mesmo tempo, mas a fraca voz dela ocultou aquilo que Camilo diria em seguida.
- Camilo, eu estou acabando com você.

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