Camilo estava nervoso aquele dia. Ele parecia
preocupado com todos os detalhes possíveis. Checava as horas no relógio e no
celular. Nada poderia sair errado, ele já tinha tudo planejado: iria encontrar
Sophia em 1 hora, levaria 2 horas para jantar e conversar com ela e então iriam
para a casa dele. Lá, seria o abatedouro. Não, ele não iria matá-la e sim iriam
transar. Faziam 2 meses que eles não transavam mais.
Ele sentia falta da pele dela na sua. Os carinhos
que trocavam toda hora antes começaram ser tornar raros, até o ponto em que nem
andar de mãos dadas andavam. Mas tudo bem pensava Camilo, devia ser uma fase
ruim ou ela estava insegura consigo mesmo, bobagem de mulher. Ele até pensou em
traí-la ou arranjar uma transa sem compromisso por aí, não conseguiu. Não por
tentativas e sim por não querer outra que não fosse ela. Ela tinha sido a sua
única namorada de verdade, antes até arranjava algumas trepadas, mas sem algum
envolvimento emocional. Dessa vez era diferente, dessa vez era sexo com amor.
Sua forma de dizer eu te amo era penetrando nela, era dando à ela a
possibilidade do prazer, da carne sentir aquilo que a mente imagina e quer.
Para ele, transar era dizer eu te amo. Ele não sabia falar de outro jeito que
não fosse desse jeito. Esse tempo todo sem transar o transtornava, e Sophia
parecia nem sentir falta. Para ela, não era nada. Valia muito mais um abraço
sincero, um ‘te amo’ simples.
Porém tudo mudaria aquela noite. Ele mandou rosas,
fez reservas em um restaurante chique, colocou sua melhor roupa e se ajeitou.
Como nos velhos tempos, pelos velhos tempos. Chegou antes dela, como não fazia
há muito tempo e esperou. Não fez nenhum pedido ao garçom, apenas estava
preocupado com Sophia. Os ponteiros pareciam presos numa trincheira, como em
uma guerra. O suor escorrendo dos cabelos negros até a sua testa mostravam com
exatidão o quanto ele esperava pelo que viria em seguida.
Ela chegou, acanhada, com um vestido simples
desapontando ele. Mas tudo bem, nada estragaria aquela noite. Ele não parava de
pensar nas coxas grossas dela e como as encaixaria em sua cintura. Parecia
balbuciar, sufocado, envenenado pelo corpo daquela mulher. Observava cada
detalhe com os olhos, cobria seu rosto com o menu e esperava o momento certo de
começar o discurso pronto que estava na sua língua. Os segundos se
transformavam em horas, tudo parecia estar em slow motion. Seus olhares se
cruzaram, os tristes e melancólicos olhos dela com o
olhar arregalado de ganância dele. Suas bocas se mexiam ao mesmo
tempo, mas a fraca voz dela ocultou aquilo que Camilo diria em seguida.
- Camilo, eu estou acabando com você.
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