Esse não é apenas um momento qualquer ou apenas mais um. É o momento de encarar a realidade como é. Não é apenas mais um episódio bobo em suas histórias sem pé nem cabeça. Você vive alimentando suas mentiras de pratos vazios, e oferecendo ilusões para qualquer um que passa, como um entregador de panfletos. Meu negócio sempre foi ir embora quando minhas costas não sustentassem mais do que o peso de meu mundo. E de certa forma eu continuo fazendo isso.
Todos sabem que ele é uma fachada. Fachada de novas risadas, beijos sem gostos e abraços vazios. Alguém realmente acredita nisso, me diga? Essa sua necessidade de povoar sua solidão em outros corpos e em amizades vazias não é notícia nova, querida. Convidados e mais convidados, e porque ele foi convidado? Deve para sustentar seus pés, pois se eles estivessem firmes como os meus, fincados à sete palmos da terra, você me veria sozinho. Isso bastaria, a sua coragem.
Querida, mais uma coisa: tudo o que você me disse não parece convincente, ou tão convincente quanto os sorrisos de propagandas de pasta de dente. Na verdade, nem sei porque estou escrevendo. Na verdade, nem sei o que estou pensando ao certo, mas de uma coisa eu sei: eu não sei o que estou perdendo e talvez eu nem queira saber o que estou perdendo. Ainda prefiro a minha própria companhia, os meus risos sinceros e minhas tristezas reais. Pois para você, que vive nesse mundo de fantasias, o meu sorriso fez seus balões murcharem, seu arco-íris (paraguaio) desaparecer e as nuvens povoarem seu céu.
E não se esqueça: eu estou bem. Eu estou dançando lentamente em um quarto em chamas e não sinto nada. Não sinto nada que antes me fazia mal. As queimaduras apenas me lembram de que estou vivo. E é por isso que estou aqui no meu quarto, em uma sexta-feira, dançando. É uma celebração, de coisas mais pesadas do que a sua realidade de mentira. Eu espero que um dia você sinta isso, ou que você encontre um professor de teatro melhor.
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