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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Manias e rituais de escrita


Ando escrevendo pouco nos últimos dias. Ando ocioso, cansado. Talvez seja pelo fato de estarmos perto do fim do ano e o Natal se aproximando. Esse pretexto é ridículo, eu sei, porém não muda o fato de que para mim, acontece desse jeito. Refletindo sobre o ato de escrever e também sobre não escrever começo com uma das minhas manias: escrever sobre algo aleatório como um aquecimento para o que vem pela frente. Escrever não é fácil e exige muita concentração, disciplina e observação. Quase sempre escrevo no período da tarde. Estou em casa sozinho, não há nenhuma TV, rádio ou qualquer coisa que faça barulho para me desconcentrar. Escrevo em frente a uma parede branca e ao meu lado esquerdo tenho a vista de um mar de condôminios. Às vezes um livro me acompanha quando esbarro em uma barreira. A músicas por vezes pode ajudar. Quase sempre times new roman, 11 ou 12 e espaçamento duplo. O bloco de notas também ajuda - por sinal estou escrevendo este texto em um deles -, assim como um banho. Não consigo escrever se me sinto "sujo". O banho cai bem também quando estou no meio de uma narrativa e preciso de um tempo concentrado pensando sobre qual melhor caminho a seguir. Eu que pensava não ter muitas manias me descobri um louco. Mas prefiro ser um pouco dotado de manias do que ficar sem escrever com os pensamentos transbordando.

(Me inspirei nesse link aqui, do Michel Laub, e, aqui e achei legal partilhar essa curiosidade: http://michellaub.wordpress.com/category/escritores-e-manias/)


*Ainda essa semana falei sobre o Yeezus no Raplogia: http://freeraplogia.wordpress.com/2013/12/20/a-barulhenta-narrativa-de-yeezus/

domingo, 8 de dezembro de 2013

Nó na mente

         Comecei a ler recentemente 1984. Comprei durante a Feira do Livro de Santa Cruz. Lembro que minha irmã já tinha o lido e me tecera comentários positivos em relação ao livro. Restou-me o dever de lê-lo. Pois então, a primeira banca na qual encontrei o livro, comprei-o e deixei na estante. Não sabia qual ler primeiro, ele ou A Revolução dos Bichos. Por fim, minha irmã pegou emprestado A Revolução dos Bichos e eu fiquei sem saídas, fui ler 1984.
         Comecei a ler e me deparei com a agradável surpresa de uma narrativa que flui de maneira simples e rápida. O vocabulário de Orwell não é tão difícil, nem arcaico sendo completamente possível entender a história sem fazer grandes pausas para consultar o dicionário. Ainda não cheguei no meio do livro, mas ando gostando, é gostoso ler 1984. Bem melhor que A Culpa é das Estrelas que li antes deste. Como Millôr Fernandes disse, “Em ciência leia sempre os livros mais novos. Em literatura, os mais velhos”.
         Quase que inconscientemente escolhi ver They Live, de John Carpenter, do longícuo 1988. De longe, lembrou um pouco o que li do livro. Aliás, recomendo ambos. Embora tenha algumas cenas tão trashs que mais parecem cômicas, o roteiro é bom, é um filme inteligente, faz críticas pontuais à aquilo que já era visto como um problema anteriormente. Sempre fui um entusiasta em relação a conspirações. Bons filmes e livros que provavelmente vão plantar um nó na minha mente. 

A minha dica é, para quem gosta de conspirações, mas acima de tudo, de conhecimento, que veja o documentário Zeitgeist.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Cantinho


Já dizia Woddy Allen que “o livro é o combustível que nos conduz as demais manifestações artísticas”.  Por esses e outros motivos estou cultivando essa minibiblioteca de forma tímida. Ainda são poucos títulos, menos de trinta. Mas tem gente pesada e os mais variados escritores. Kerouac, Bukowski, Poe, Hemingway, Palaniuk, Orwell e aí vai. E tem literatura brasileira contemporânea; J.P. Cuenca, Daniel Galera, Luisa Geisler e a minha lista para novas compras só aumenta. Pena que a Black Friday passou e eu não aproveitei para aumentar a coleção.

domingo, 24 de novembro de 2013

Quem sabe

Minha irmã e Porto Alegre sempre viveram um caso de amor. A capital sempre a encantou desde nossas esporádicas idas com a finalidade de visitar nossa avó. Vó Rita estava doente, tomada do câncer e resistira por anos. Enfrentou o câncer em uma das mamas. Depois foi a outra mama que estava com células cancerígenas. E então se espalhou por todo o corpo. Lembro-me de nossos passeios pela Redenção e aos shoppings. Na época, um menino ainda, ficava abismado com aquele monumento de três andares, escadas rolantes e salas de cinema enormes.
No meio de 2006 – ou 2007, não lembro bem agora -, ela se mudou com uma amiga para lá. Alugaram um apartamento, começaram a estudar para os vestibulares lá e iniciaram a vida adulta. Publicidade era o que ela queria. A amiga, Farmácia. Após dois anos de estudo, a amiga de minha irmã passou. O curso técnico em Publicidade foi a oportunidade que minha irmã encontrou após insistentes tentativas frustradas. Ela cursava de noite, trabalhava de dia e ainda encontrava tempo para estudar. O objetivo eram as federais, de preferência, a UFRGS.
Na minha memória ficaram as cenas de minha irmã e eu inventando coisas. Coisas simples, quase sempre algo intangível. Eram brinquedos, tínhamos grande imaginação. Tivemos uma infância boa. Por certo tempo pensei em cursar Publicidade assim como ela. Achava legal saber usar programas como Photoshop, edição de vídeos, desenhar e etc. Ela seguiu com a ideia e eu não sabia o que escolher. Ela se decepcionou com o curso e com o mercado. Pensou em voltar para a casa. Eu escolhi o Jornalismo em 2011.
Hoje vejo que não errei. Ser publicitário não é pra mim. Recentemente estive em uma oficina de storytelling. Esses termos como case, branding, marketing me confundem. Já pensei em ser ilustrador de uma agência, mas não faria sucesso. Quando vejo o filme Beginners – obra onde o personagem principal é um ilustrador frustrado em uma agência -, me pego pensando se não seria eu aquele lá caso tivesse optado pela Publicidade.
Na mesma oficina de storytelling foi passado a realidade do mercado. Está saturado. Tá difícil pra todo mundo. O publicitário convencional dos anos 80 e 90 está ultrapassado. Venho visto muitas críticas na forma com que as agências vêm lidando com o mercado e clientes. O modelo se estagnou e as pessoas estão engessadas pelo que foi passado nas últimas duas décadas. Quem sabe eu faria sucesso como publicitário nos anos 80 ou 90 quando precisavam de um ilustrador. Hoje não, somente nostalgia por minha parte.

Tem resenha minha no Raplogia, é só clicar aqui

O jornal Unicom também pode ser lido online, clicando aqui. Lembrando que tem conto meu, inclusive postado já anteriormente no blog nesse link.

domingo, 17 de novembro de 2013

Milonga

         Quem dera o mundo fosse menos cinzento, mais plausível de se viver. Quem dera viver fosse um ofício menos árduo e mais belo. Quem dera eu pudesse encontrar meu lugar nesse meio de possibilidades infinitas. Quem sabe eu vou ficar por aqui, olhando pela janela, mirando o horizonte embriagado por essas paixões, respirando meus desencantos. Num plágio de uma bela melodia tocando e atiçando a curiosidade dos meus ouvidos. Até traz a bela porém efêmera ideia de que viver é bom e não para as coisas. Não sou Drummond, mas sinto o mesmo. "Eu não sou as coisas e me revolto".

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Farrapos

            Todos os caminhos pareciam me levar a aquele prédio de má manutenção. No meio da caminhada retomava meus pensamentos e motivos para estar adentrando aquela área. A calçada concentrava todos os tipos de lixos, até humanos. O bairro pobre e sujo parecia uma cidade medieval. Meus passos largos e rápidos eram avistados pela vizinhança. Os olhares receosos dentro das casas, por trás das cortinas. Eu rumei àquele prédio em ruínas, um reflexo do meu estado emocional. Coloco para dentro de mim todas as dúvidas que se agarravam nas minhas roupas desesperadas para sair. Os olhos pesados e a respiração ofegante ficavam mais fortes com o barulho dos passos naquela escada de tinta verde descascada. O primeiro andar já tinha sido percorrido e faltava mais um.

domingo, 3 de novembro de 2013

lê minski


Eu não gosto muito de poesia, confesso. Nunca me chamou atenção e até então, só havia lido Caixa de Sapatos do Carpinejar de poesias e gostei bastante. Até prefiro o lado poeta de Carpinejar do que o cronista propriamente dito. Acho que ele acaba por repetir excessivamente até se tornar chato. Mas isso depende bastante de cada um e do seu estilo. 
Comprei faz pouco tempo o Tudo Poesia do Leminski, Companhia das Letras. Não tenho o que dizer. É fantástico o livro. Toda a obra de Leminski reunida ali. Lembro-me de ter visto aquela capa laranja e o bigode vistoso e ter planejado na primeira oportunidade em que tivesse dinheiro, compra-la. Tô na página 300, por aí, é a última parte do livro. Cada poema me faz pensar ou me tira um sorriso do rosto. Gostei e recomendo. Pena Leminski ter ido embora tão cedo.

domingo, 27 de outubro de 2013

Atribuição de valor

            Está acontecendo a campanha à reitoria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde estudo faz dois anos. Os ventos da mudança sopram com violência. Há uma nítida sensação de que algo virá. Todos anseiam por isso, mas não sabem descrever esse sentimento. Por todos os lados estão espalhados banners e vemos pessoas entregando folhetos com as ideias de cada chapa. As pessoas conversam nos blocos sobre a eleição, mas não abrem votos. Alguns mostram claramente o seu candidato e procuram fazer campanha para tal, diminuindo ou até criticando os adversários. A academia está em estado de ebulição.
Conheço dois candidatos, somente um não conhecia antes da campanha. Alguns integrantes de chapas foram meus professores e guardo um carinho enorme pelos profissionais que são. Há boas propostas e em tese, vejo uma grande fatia ainda indecisa sem saber em quem votar. Existem também aqueles que não votaram seja por falta de informação ou por abdicar de seu direito. Por fim, não abrirei meu voto também, estou longe de decidi-lo. Ainda quero ouvir o que eles têm a dizer, claridade sobre o que pensam e desejam para o futuro da instituição.
Muitos se decidiram, seja por afinidade ou outros motivos. Um dos candidatos fora meu professor em Leitura e Produção de Textos. Foi nessa disciplina onde escrevi meu primeiro conto, ano passado. Foi ‘Obrigado, John’, um conto mal escrito, meio corrido, mas que naquele momento achei incrível. Quem pudera fosse. Hoje olho para trás e vejo que aquele oito que recebi foi generoso. O mesmo professor passara para nós o conto de Poe, O coração delator. Na época não sabia o quão magnífico era este conto, fui perceber sua importância somente depois de algum tempo.
Muitas vezes acabamos atribuindo valor a uma pessoa. Seja por um motivo específico, data importante ou outro quesito especial. Nomes de pessoas que gostamos se quando pronunciados por estranhos nos parecem tão familiar. Números relembram datas comemorativas, na grande maioria, especiais. E tornamos a decidir certas coisas baseadas nisso. Atribuo valor ao professor por ter me introduzido na literatura. Existem músicas, fotos, palavras, frases que se tornam um marco para nós. Nós impomos valor para aquilo. As pessoas tem seu significado atribuído pelo valor que damos a elas. Isso é mais comum que se pensa. Fazemos isso quase que inconscientemente. E sobre meu voto, ainda vou pensar um pouco sobre, analisar e ver o que é melhor.

sábado, 19 de outubro de 2013

Fora do mapa

[...] Conhecer países que nunca visitarei, me apaixonar por personagens fictícios, viver sentimentos que não vivenciarei. A sensação de que a vida é um grande erro e estamos aqui, fadados, de passagem, à espera de que algo nos tranquilize, nos conforte, nos conforme de que, tudo bem, em algum momento as coisas irão se ajeitar e vão rumar para o caminho certo. Essa crença desenfreada de que tudo tem um motivo e se alguém ou algo está acima de nós e nos olha, este alguém está nos observando e zelando pela nossa insignificante trajetória. Tudo o que eu quero é voltar para o início. Deitar-me em minha cama e acreditar que o dia irá raiar belo. Essa bela e triste crença de que algum dia tudo fará sentido, de que nada é em vão e tudo que fizemos se perdura mesmo sem nosso consentimento. Por favor, eu espero que um dia tudo isso faça sentido. Que isso não seja o desperdício de anos de esforço consentido. Que algo rogue por mim, que os céus se abram em um clarão de outono e os ventos prosperem para um lugar fora do mapa. Seja ele do mundo inteiro, seja eu do mundo inteiro ou do nada. E mergulharei. 
Texto postado em meu tumblr. Clica aqui pra ver ele.