tag:blogger.com,1999:blog-53351211562691704082024-03-13T21:27:48.221-07:00ContinuumFrederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.comBlogger141125tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-63269219244245781562013-12-22T15:39:00.001-08:002013-12-22T15:52:11.978-08:00Manias e rituais de escrita<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-9sbKPidqiqw/Urd3_-zouSI/AAAAAAAACio/iT9C3hbE43o/s1600/typewritter.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-9sbKPidqiqw/Urd3_-zouSI/AAAAAAAACio/iT9C3hbE43o/s1600/typewritter.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ando escrevendo pouco nos últimos dias. Ando ocioso, cansado. Talvez seja pelo fato de estarmos perto do fim do ano e o Natal se aproximando. Esse pretexto é ridículo, eu sei, porém não muda o fato de que para mim, acontece desse jeito. Refletindo sobre o ato de escrever e também sobre não escrever começo com uma das minhas manias: escrever sobre algo aleatório como um aquecimento para o que vem pela frente. Escrever não é fácil e exige muita concentração, disciplina e observação. Quase sempre escrevo no período da tarde. Estou em casa sozinho, não há nenhuma TV, rádio ou qualquer coisa que faça barulho para me desconcentrar. Escrevo em frente a uma parede branca e ao meu lado esquerdo tenho a vista de um mar de condôminios. Às vezes um livro me acompanha quando esbarro em uma barreira. A músicas por vezes pode ajudar. Quase sempre times new roman, 11 ou 12 e espaçamento duplo. O bloco de notas também ajuda - por sinal estou escrevendo este texto em um deles -, assim como um banho. Não consigo escrever se me sinto "sujo". O banho cai bem também quando estou no meio de uma narrativa e preciso de um tempo concentrado pensando sobre qual melhor caminho a seguir. Eu que pensava não ter muitas manias me descobri um louco. Mas prefiro ser um pouco dotado de manias do que ficar sem escrever com os pensamentos transbordando.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
(Me inspirei nesse link aqui, do Michel Laub, e, aqui e achei legal partilhar essa curiosidade: <a href="http://michellaub.wordpress.com/category/escritores-e-manias/">http://michellaub.wordpress.com/category/escritores-e-manias/</a>)</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*Ainda essa semana falei sobre o Yeezus no Raplogia: </span><a href="http://freeraplogia.wordpress.com/2013/12/20/a-barulhenta-narrativa-de-yeezus/"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">http://freeraplogia.wordpress.com/2013/12/20/a-barulhenta-narrativa-de-yeezus/</span></a>Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-32017662032034210972013-12-15T13:41:00.001-08:002013-12-15T13:42:35.610-08:00Trechos<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sobre escrever: <a href="http://continuumxo.tumblr.com/post/68803291790/sobre-o-ato-de-escrever-se-consiste-quase-que">http://continuumxo.tumblr.com/post/68803291790/sobre-o-ato-de-escrever-se-consiste-quase-que</a></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depressão: <a href="http://continuumxo.tumblr.com/post/69656194895/a-depressao-e-a-mais-venosa-de-todas-as-doencas">http://continuumxo.tumblr.com/post/69656194895/a-depressao-e-a-mais-venosa-de-todas-as-doencas</a></span><br />
<br />Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-56159409429390846022013-12-08T14:20:00.000-08:002013-12-08T14:20:04.158-08:00Nó na mente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://31.media.tumblr.com/a034a9f18291ad59aa6c91403a351247/tumblr_mx8k34hn6H1t4f72go1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://31.media.tumblr.com/a034a9f18291ad59aa6c91403a351247/tumblr_mx8k34hn6H1t4f72go1_500.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Comecei
a ler recentemente 1984. Comprei durante a Feira do Livro de Santa Cruz. Lembro
que minha irmã já tinha o lido e me tecera comentários positivos em relação ao
livro. Restou-me o dever de lê-lo. Pois então, a primeira banca na qual
encontrei o livro, comprei-o e deixei na estante. Não sabia qual ler primeiro,
ele ou A Revolução dos Bichos. Por fim, minha irmã pegou emprestado A Revolução
dos Bichos e eu fiquei sem saídas, fui ler 1984.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Comecei
a ler e me deparei com a agradável surpresa de uma narrativa que flui de
maneira simples e rápida. O vocabulário de Orwell não é tão difícil, nem
arcaico sendo completamente possível entender a história sem fazer grandes
pausas para consultar o dicionário. Ainda não cheguei no meio do livro, mas
ando gostando, é gostoso ler 1984. Bem melhor que A Culpa é das Estrelas que li
antes deste. Como Millôr Fernandes disse, “Em ciência leia sempre os livros
mais novos. Em literatura, os mais velhos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Quase que inconscientemente escolhi ver
They Live, de John Carpenter, do longícuo 1988. De longe, lembrou um pouco o
que li do livro. Aliás, recomendo ambos. Embora tenha algumas cenas tão trashs
que mais parecem cômicas, o roteiro é bom, é um filme inteligente, faz críticas
pontuais à aquilo que já era visto como um problema anteriormente. Sempre fui
um entusiasta em relação a conspirações. Bons filmes e livros que provavelmente vão plantar
um nó na minha mente. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A minha dica é, para quem gosta de conspirações, mas acima de tudo, de conhecimento, que veja o documentário <i>Zeitgeist</i>.</span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-7326000444775160302013-12-01T14:58:00.000-08:002013-12-01T14:59:35.515-08:00Cantinho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Gq_8JCSGTUA/Upu-8ZWQlkI/AAAAAAAACic/Pubf72JCsU4/s1600/DSC_0003.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://2.bp.blogspot.com/-Gq_8JCSGTUA/Upu-8ZWQlkI/AAAAAAAACic/Pubf72JCsU4/s640/DSC_0003.JPG" width="427" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já
dizia Woddy Allen que “o livro é o combustível que nos conduz as
demais manifestações artísticas”. Por
esses e outros motivos estou cultivando essa minibiblioteca de forma tímida.
Ainda são poucos títulos, menos de trinta. Mas tem gente pesada e os mais
variados escritores. Kerouac, Bukowski, Poe, Hemingway, Palaniuk, Orwell e aí vai. E tem literatura brasileira contemporânea; J.P. Cuenca, Daniel Galera, Luisa Geisler e a minha lista para novas compras só aumenta. Pena que a Black Friday passou e eu não aproveitei para aumentar a coleção.</span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-86001649535822801902013-11-24T18:30:00.000-08:002013-11-25T09:17:28.086-08:00Quem sabe<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Minha irmã e Porto Alegre
sempre viveram um caso de amor. A capital sempre a encantou desde nossas
esporádicas idas com a finalidade de visitar nossa avó. Vó Rita estava doente,
tomada do câncer e resistira por anos. Enfrentou o câncer em uma das mamas.
Depois foi a outra mama que estava com células cancerígenas. E então se
espalhou por todo o corpo. Lembro-me de nossos passeios pela Redenção e aos
shoppings. Na época, um menino ainda, ficava abismado com aquele monumento de
três andares, escadas rolantes e salas de cinema enormes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No meio de 2006 – ou 2007,
não lembro bem agora -, ela se mudou com uma amiga para lá. Alugaram um
apartamento, começaram a estudar para os vestibulares lá e iniciaram a vida
adulta. Publicidade era o que ela queria. A amiga, Farmácia. Após dois anos de
estudo, a amiga de minha irmã passou. O curso técnico em Publicidade foi a
oportunidade que minha irmã encontrou após insistentes tentativas frustradas.
Ela cursava de noite, trabalhava de dia e ainda encontrava tempo para estudar.
O objetivo eram as federais, de preferência, a UFRGS.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na minha memória ficaram
as cenas de minha irmã e eu inventando coisas. Coisas simples, quase sempre
algo intangível. Eram brinquedos, tínhamos grande imaginação. Tivemos uma
infância boa. Por certo tempo pensei em cursar Publicidade assim como ela.
Achava legal saber usar programas como Photoshop, edição de vídeos, desenhar e
etc. Ela seguiu com a ideia e eu não sabia o que escolher. Ela se decepcionou
com o curso e com o mercado. Pensou em voltar para a casa. Eu escolhi o
Jornalismo em 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje vejo que não errei.
Ser publicitário não é pra mim. Recentemente estive em uma oficina de <i>storytelling.</i> Esses termos como <i>case, branding, marketing </i>me confundem.
Já pensei em ser ilustrador de uma agência, mas não faria sucesso. Quando vejo
o filme <i>Beginners – </i>obra onde o
personagem principal é um ilustrador frustrado em uma agência -, me pego
pensando se não seria eu aquele lá caso tivesse optado pela Publicidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na mesma oficina de <i>storytelling </i>foi passado a realidade do
mercado. Está saturado. Tá difícil pra todo mundo. O publicitário convencional
dos anos 80 e 90 está ultrapassado. Venho visto muitas críticas na forma com
que as agências vêm lidando com o mercado e clientes. O modelo se estagnou e as
pessoas estão engessadas pelo que foi passado nas últimas duas décadas. Quem
sabe eu faria sucesso como publicitário nos anos 80 ou 90 quando precisavam de
um ilustrador. Hoje não, somente nostalgia por minha parte.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tem resenha minha no Raplogia, é só clicar <a href="http://freeraplogia.wordpress.com/2013/11/20/review-eminem-the-marshall-mathers-lp-ii/">aqui</a>. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-n8cQd826M1k/Uo5geuUezII/AAAAAAAACiI/F7eQ2_PzowY/s1600/Jornal+Unicom+Conto.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-n8cQd826M1k/Uo5geuUezII/AAAAAAAACiI/F7eQ2_PzowY/s1600/Jornal+Unicom+Conto.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O jornal Unicom também pode ser lido online, clicando <a href="http://issuu.com/mirianflesch/docs/jornal_unicom_p__ginas">aqui</a>. Lembrando que tem conto meu, inclusive postado já anteriormente no blog nesse <a href="http://continuumspace.blogspot.com.br/2013/11/farrapos.html">link</a>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-81874944514882574162013-11-17T16:14:00.001-08:002013-11-17T16:14:16.005-08:00Milonga<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Quem
dera o mundo fosse menos cinzento, mais plausível de se viver. Quem dera viver
fosse um ofício menos árduo e mais belo. Quem dera eu pudesse encontrar meu
lugar nesse meio de possibilidades infinitas. Quem sabe eu vou ficar por aqui,
olhando pela janela, mirando o horizonte embriagado por essas paixões,
respirando meus desencantos. Num plágio de uma bela melodia tocando e atiçando
a curiosidade dos meus ouvidos. Até traz a bela porém efêmera ideia de que
viver é bom e não para as coisas. Não sou Drummond, mas sinto o mesmo. "Eu não sou as coisas e me revolto".<o:p></o:p></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-38333269548414135992013-11-12T14:44:00.005-08:002013-11-15T18:48:59.707-08:00Farrapos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-hFhKq3V4BOI/UoKuHCLgHiI/AAAAAAAACh4/5hN1IkCS86s/s1600/DSC_0075.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://3.bp.blogspot.com/-hFhKq3V4BOI/UoKuHCLgHiI/AAAAAAAACh4/5hN1IkCS86s/s400/DSC_0075.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 200%;"> </span><span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span>Todos
os caminhos pareciam me levar a aquele prédio de má manutenção. No meio da
caminhada retomava meus pensamentos e motivos para estar adentrando aquela
área. A calçada concentrava todos os tipos de lixos, até humanos. O bairro
pobre e sujo parecia uma cidade medieval. Meus passos largos e rápidos eram
avistados pela vizinhança. Os olhares receosos dentro das casas, por trás das
cortinas. Eu rumei àquele prédio em ruínas, um reflexo do meu estado emocional.
Coloco para dentro de mim todas as dúvidas que se agarravam nas minhas roupas
desesperadas para sair. Os olhos pesados e a respiração ofegante ficavam mais
fortes com o barulho dos passos naquela escada de tinta verde descascada. O
primeiro andar já tinha sido percorrido e faltava mais um.</span></span><br />
<a name='more'></a><span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> A
porta aberta era um convite. Os inúmeros papéis pareciam ter sido colocados a
mão no chão após uma breve tormenta. Uma escrivaninha pequena enfeitava a sala,
assim como um sofá jogado decorando aquela taverna. A sensação térmica apontava
uns cinco graus. Pinturas nas paredes para tapar a boca delas. Aqueles muros
pareciam gritar, a mesa sussurrava por alguns retalhos, o banheiro implorava
por mais espaço. Tudo no diminutivo, um mini labirinto onde até mesmo as peças
ali se perderam, definharam. Nada
harmônico e embora tivesse vindo aqui outras vezes, nesta ocasião parecia
diferente. Todos os móveis previam o meu adeus e choravam pelo abandono. Passei
meus dedos suaves que se impregnaram de pó. O móvel dava a impressão de não
conseguir respirar tamanha a camada de pó em cima de seus pulmões. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Meu
destino era a varanda. Passei despercebidamente pelo estreito corredor e o
encontrei. Garrafas caídas, quebradas, jogadas. Cinzas por todas as partes.
Poderia ser dele, mas eram do cigarro em seus dedos. Os olhos fortes remetiam a
uma expressão de eterno alerta. Cabelos lisos penteados para trás, ainda
molhados. A regada mal cobria o tórax deixando os pelos do peito à vista. A
barba desgrenhada e a rebelde sobrancelha contornavam a testa que denunciava os
seus trinta e cinco anos, e eu, uma jovem de vinte e um anos. Jogou o cigarro
para fora, sabia que eu odiava cigarros e o ato de fumar em si. Nenhuma palavra
dita, embora aqueles olhares delatassem uma visceral ligação entre os seres
encontrados naquela varandinha vagabunda. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> A
noite passada havia sido horrível. Assim como as que antecederam essa. O calor
da troca de ofensas havia instaurado um muro de acusações, moldada pelo orgulho
e a indecisão como cimento. Para quebrá-lo não era necessária força, mas sim,
acertar o pragmático ponto. Palavras foram jogadas como granadas naquele
pesaroso conflito. Novamente outro aconteceria. Suas frases eram pontuadas com
espaçosos suspiros. O primeiro a levantar o dedo e apontar, era guerra. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Você quer ter um relacionamento, mas não
suporta estar em um, resmunguei entre o choro compulsivo. Não é possível que
agora você retome algo que já discutimos, Wladimir bradou. Se queres, vá ou me
deixe ir. A minha constatação era
racional. Nada é pior que estar encurralada em um limbo. Inúmeros
relacionamentos se parecem com um divisor de águas revoltosas descendo o rio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Tudo
se encaminhava para um inevitável desfecho com a iminente ruptura até que as
mãos dele colaram no meu braço. O toque despertara algo que já conhecia embora
fosse incapaz de refutar o que traria. O vestido era somente um pano abnegado
pelos braços grossos. Os calcanhares em contato, as peles se comunicando. A
barba em cima do pescoço nu forçava a rendição. Aquele ogro maltrapido quase
farrapo possuía um mapa de suas zonas erógenas. De costas para ele, era
inevitável o beijo censurador de todas as ofensas anteriormente ditas. O
silêncio consumado entre ambos seria brutalmente quebrado pelos movimentos
incessantes de afagos e beijos calorosos. O vestido se deixava levar lentamente
como o desmoronamento da barreira entre ambos. A pergunta feita foi respondida
na troca de olhares. A minha boca pequena recebeu outra vez um caloroso beijo
seguido de um tapa na bochecha rosada. Rígido o seio nu apontava para cima
ambicionando a boca terna e a companhia da barba. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> As
calças baixas arriadas eram seguradas pelo cinto. Deitada eu esperava-o como a
presa espreita o abate. A entrada rápida fez meus olhos revirarem. A respiração
ofegante e as unhas procurando cavoucar as costas eram a minha resposta.
Aflição e prazer. O balbucio de excitação escondido entre os olhos verdes
expressivos e os três sulcos da testa enrugada. Seu fôlego era magistral para
um homem mais velho. Puxara minhas pernas para os lados e entornara a encontrar
o clitóris que fora encontrado em poucos segundos. A enorme experiência
certamente fazia aquele exercício parecer fácil. As mãos percorriam os meus
seios. O latente encanto pelo meu corpo se transformava em uma violenta retribuição.
Ele entrava com tudo. Instantes de gozo e tudo voltava à realidade. Fazer sexo
com ele se baseava em picos de adrenalina como andar em uma montanha russa
formava somente por longas curvas. Nunca sabia o que sentia por mim. Não sabia
diferenciar seu amor e tesão. Era impossível responder se aquilo era um caso
marcado pela paixão ou uma futura história de amor. Ao menos, ele trepava bem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 200%;"> Deitada
ao seu lado, acariciando seus cabelos despenteados meus olhos percorriam a
vastidão do mundo em que nos encontrávamos. Parecíamos longe de qualquer um e
qualquer coisa. Vi-me então no espelho. As roupas maltrapilhas no chão,
misturadas e quase que escondendo meu vestido. A expressão de prazer, do gozo, daquele
inefável acontecimento. Tornei a olhá-lo. Maltrapido como um farrapo. Vi-me novamente
em frangalhos. Farrapos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*conto produzido para o Jornal Unicom.</span></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-35314748059664480002013-11-03T14:45:00.003-08:002013-11-03T14:46:59.937-08:00lê minski<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://prosaempoema.files.wordpress.com/2011/05/paulo-leminski.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://prosaempoema.files.wordpress.com/2011/05/paulo-leminski.png" width="400" /></a></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu não
gosto muito de poesia, confesso. Nunca me chamou atenção e até então, só havia lido Caixa de Sapatos do Carpinejar de poesias e gostei bastante. Até prefiro o lado poeta de Carpinejar do que o cronista
propriamente dito. Acho que ele acaba por repetir excessivamente até se tornar
chato. Mas isso depende bastante de cada um e do seu estilo. </span></div>
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.4pt;">Comprei
faz pouco tempo o Tudo Poesia do Leminski, Companhia das Letras. Não tenho o
que dizer. É fantástico o livro. Toda a obra de Leminski reunida ali. Lembro-me
de ter visto aquela capa laranja e o bigode vistoso e ter planejado na primeira
oportunidade em que tivesse dinheiro, compra-la. Tô na página 300, por aí, é a
última parte do livro. Cada poema me faz pensar ou me tira um sorriso do rosto.
Gostei e recomendo. Pena Leminski ter ido embora tão cedo.</span></div>
</div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-60428577006866357792013-10-27T14:49:00.000-07:002013-10-31T08:52:12.704-07:00Atribuição de valor<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Está acontecendo a campanha à reitoria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde estudo faz dois
anos. Os ventos da mudança sopram com violência. Há uma nítida sensação de que
algo virá. Todos anseiam por isso, mas não sabem descrever esse sentimento. Por
todos os lados estão espalhados banners e vemos pessoas entregando folhetos com
as ideias de cada chapa. As pessoas conversam nos blocos sobre a eleição, mas
não abrem votos. Alguns mostram claramente o seu candidato e procuram fazer campanha
para tal, diminuindo ou até criticando os adversários. A academia está em
estado de ebulição.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conheço dois candidatos, somente um
não conhecia antes da campanha. Alguns integrantes de chapas foram meus
professores e guardo um carinho enorme pelos profissionais que são. Há boas
propostas e em tese, vejo uma grande fatia ainda indecisa sem saber em quem
votar. Existem também aqueles que não votaram seja por falta de informação ou
por abdicar de seu direito. Por fim, não abrirei meu voto também, estou longe
de decidi-lo. Ainda quero ouvir o que eles têm a dizer, claridade sobre o que
pensam e desejam para o futuro da instituição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitos se decidiram, seja por
afinidade ou outros motivos. Um dos candidatos fora meu professor em Leitura e
Produção de Textos. Foi nessa disciplina onde escrevi meu primeiro conto, ano
passado. Foi ‘Obrigado, John’, um conto mal escrito, meio corrido, mas que naquele
momento achei incrível. Quem pudera fosse. Hoje olho para trás e vejo que
aquele oito que recebi foi generoso. O mesmo professor passara para nós o conto
de Poe, O coração delator. Na época não sabia o quão magnífico era este conto,
fui perceber sua importância somente depois de algum tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; text-indent: 35.4pt;">Muitas vezes acabamos atribuindo valor
a uma pessoa. Seja por um motivo específico, data importante ou outro quesito
especial. Nomes de pessoas que gostamos se quando pronunciados por estranhos nos parecem tão familiar. Números relembram datas comemorativas, na grande maioria, especiais. E tornamos a decidir certas coisas baseadas nisso. Atribuo valor ao
professor por ter me introduzido na literatura. Existem músicas, fotos,
palavras, frases que se tornam um marco para nós. Nós impomos valor para
aquilo. As pessoas tem seu significado atribuído pelo valor que damos a elas. Isso
é mais comum que se pensa. Fazemos isso quase que inconscientemente. E sobre
meu voto, ainda vou pensar um pouco sobre, analisar e ver o que é melhor.</span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-59839306583972710362013-10-19T21:28:00.000-07:002013-10-19T21:28:51.094-07:00Fora do mapa<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; line-height: 200%;">[...] Conhecer
países que nunca visitarei, me apaixonar por personagens fictícios, viver
sentimentos que não vivenciarei. A sensação de que a vida é um grande erro e
estamos aqui, fadados, de passagem, à espera de que algo nos tranquilize, nos
conforte, nos conforme de que, tudo bem, em algum momento as coisas irão se
ajeitar e vão rumar para o caminho certo. Essa crença desenfreada de que tudo
tem um motivo e se alguém ou algo está acima de nós e nos olha, este alguém
está nos observando e zelando pela nossa insignificante trajetória. Tudo o que
eu quero é voltar para o início. Deitar-me em minha cama e acreditar que o dia
irá raiar belo. Essa bela e triste crença de que algum dia tudo fará sentido,
de que nada é em vão e tudo que fizemos se perdura mesmo sem nosso
consentimento. Por favor, eu espero que um dia tudo isso faça sentido. Que isso
não seja o desperdício de anos de esforço consentido. Que algo rogue por mim,
que os céus se abram em um clarão de outono e os ventos prosperem para um lugar
fora do mapa. Seja ele do mundo inteiro, seja eu do mundo inteiro ou do nada. E
mergulharei. </span><span style="line-height: 200%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="background-color: white; line-height: 200%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Texto postado em meu tumblr. Clica <a href="http://continuumxo.tumblr.com/post/64236652325/um-jornalista-em-formacao-que-nao-le-jornais-a">aqui </a>pra ver ele.</span></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-81638567130047811262013-10-13T09:52:00.000-07:002013-10-13T09:52:35.700-07:00O tempo<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Xk5G5HmJQu0/UlMfVvK2H7I/AAAAAAAACgY/JATP8gqjI-0/s1600/girl+(2).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Xk5G5HmJQu0/UlMfVvK2H7I/AAAAAAAACgY/JATP8gqjI-0/s1600/girl+(2).jpg" /></a></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Por
um momento eu contemplo a luz cintilante que passa entre pequenos espaços
deixados pela cortina. Há uma sensação de que algo se aproxima. Não é mais do
que uma sensação, mas provoca certa angústia. Angústia esta que pode se
transformar em decepção. Não existem caminhos por onde percorrer e se isto que
chamamos de destino está regendo as nossas vidas, resta-nos somente esperar
para que o círculo se complete. Eu olho para o relógio de pêndulo encostado na
parede instalado desde os primórdios na minha família e espero-o ansiosamente
por algo que não sei o que é.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Não
saberia dizer com maestria o que sinto. Somente dar uma explicação genérica de
que estou cansado. Não saberia também responder se estou cansado por não saber
o que sinto ou não sei o que sentir pelo estado de cansaço. Mentes ligadas e
dias abertos em meio aos problemas que afugentam meu sono. Madrugadas inteiras
com as luzes acesas. Este sórdido momento em que a minha mente não está em
sincronia com nada. Desnorteado. Pela espera, pela rotina, pelo tédio e a
depressão que me assola ao sol cair. Sentimento este que partilho pela falta.
Só em poucas ocasiões isto se mostra. Principalmente quando se está apaixonado.
Outro sintoma é escrever compulsivamente coisas inaudíveis que nunca iriam sair
da mente, nem mesmo de nossas bocas fadadas ao gosto da amargura destes longos
dias de espera. Gravidade, me acuda pois estou caindo.</span><o:p></o:p></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-58684852203740017432013-10-06T18:28:00.001-07:002013-10-06T18:30:04.542-07:00Ventos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/--RhRYdYz_yM/UlIOPIOv01I/AAAAAAAACf8/d1Lb2AG_sTs/s1600/spirits.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/--RhRYdYz_yM/UlIOPIOv01I/AAAAAAAACf8/d1Lb2AG_sTs/s1600/spirits.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Café preto
forte com gotas perdidas em uma xícara branca com detalhes minimalistas fracos
em tom de marrom. Cansaço matinal pesando. Cabeça cheia de pensamentos avulsos
aglutinados em uma mente confusa. Maços de cigarros esparramos por uma mesinha
pequena. Os braços cansados se debruçam em cima da mesa de madeira. Olho para o
lado e vejo o tempo correr. O tempo leva-o pelo horizonte. O tempo já fora
desperdiçado. Os anos passaram e a xícara está pela metade, com o líquido negro
já frio. Quem dera fossem outros tempos, outros ventos. Quem sabe em outros
verões e primaveras veremos os lírios de nossos campos verdes e os frutos
amadurecerem das árvores que se apresentam magistrais em nossos caminhos. </span><o:p></o:p></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-54038916230003492312013-09-29T18:37:00.000-07:002013-10-06T18:39:51.699-07:00Resenha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-uNLgyrZoD1E/UlIQYjhdwRI/AAAAAAAACgI/XGmjwTbcNh0/s1600/Drake+-+Nothing+Was+the+Same+Album+Download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-uNLgyrZoD1E/UlIQYjhdwRI/AAAAAAAACgI/XGmjwTbcNh0/s400/Drake+-+Nothing+Was+the+Same+Album+Download.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Confira abaixo
no Raplogia, a resenha que fiz sobre o álbum Nothing Was The Same. Link: <o:p></o:p><a href="http://freeraplogia.wordpress.com/2013/10/02/review-drake-nothing-was-the-same/">http://freeraplogia.wordpress.com/2013/10/02/review-drake-nothing-was-the-same/</a></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-81399725971027052542013-09-22T12:06:00.001-07:002013-09-22T12:12:01.503-07:00Quiçá<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bom, tenho
consciência de que o nível aqui mostrado está bem baixo. Isso se dá por algumas
razões como a falta de tempo e outros contratempos que me impedem de poder
escrever todos os dias e quiçá colocar conteúdo aqui. Grande parte da minha
produção está indo para um projeto de livro. São contos, mais extensos, alguns
de até seis páginas. Não coloco aqui pois a grande maioria das editoras pediria para retirar o conteúdo. Eles exigem conteúdo original, nunca antes publicado. Assim como prêmio literários. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Mas enfim, domingo
que vem tem um texto melhor do que este autoexplicativo. Ainda vou pensar se
escrevo e coloco algum conto aqui. Quem sabe, né? Por falar nisso, ando lendo </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Clube da Luta </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">e </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Barba Ensopada de Sangue. </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Dois ótimos livros, principalmente o segundo. A narrativa de Daniel Galera se dá de forma sutil e envolvente. Ao mesmo tempo em que estou lendo ambos, também leio </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Ensaio sobre a cegueira. </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Acabei por descobrir (tardiamente) que Saramago é incrível. E tudo isso está refletindo na minha literatura (para melhor). E enfim, espero poder mostrar pra quem lê aqui essa melhora.</span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-51945773708883838502013-09-15T19:03:00.000-07:002013-09-15T19:05:54.460-07:00Alegria<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Deixa por aí. Coloca em qualquer
lugar. Entre a cabeceira de madeira ou nos livros da estante de ferro da
parede. Esconde entre a poeira dos papéis e a melancolia ao lado dos meus
desenhos. Por mim tanto faz. Já fiz tanto que agora tanto faz. Escolhe onde querer
colocar, pois pra mim, tanto faz. Já não importa há muito tempo. Sem graça.
Esse quarto já esquecido, escurecido onde tudo eu organizo a minha bagunça. Não
tem jeito mesmo. Já tive tempo, hoje não tenho. Nem por isso era diferente. Mas
pega um café. Açúcar ou adoçante? Entra pra ver. Entra pra enxergar o meu
mundo. Aconchega-te entre os meus lamentos e a cadeira velha que range ao mexer
para os lados.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Olha os discos tão parados. Tão
solitários a espera de um ‘play’. Ó os brinquedos. Cansados, pensativos, já se
foi o tempo deles. Que nostalgia. Antigamente isso parecia bem mais familiar.
Antigamente isso nem parecia um quarto. Era parte de mim. Parte essa feliz.
Hoje virou meu muro de lamentações. É a válvula de escape. Catarse. Como eu
queria que não fosse assim. Poderia valer, ser menos ‘tanto faz’. A gente cansa
de quem escolheu ser e ter ao seu lado. Essa exaustão causada pelo desgaste
natural que o tempo traz a tudo aquilo que é nosso. É isso. Nós cansamos de ser
feliz. Colocamos em qualquer lugar. Mas não importa mais. Tanto faz. Ficou pelo
caminho. Como tantas outras coisas ficaram a frente da minha alegria. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-79678716473976045932013-09-08T16:32:00.000-07:002013-09-17T18:40:45.599-07:00Freestyle<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Você pode ver a cidade caindo no
caos. Cidade má, cidade suja, em frangalhos. Os ladrões estão fora das cadeias
lotadas e os negros nas favelas. Os quarteirões e esquinas cheiram a
prostituição, controlada por traficantes donos de espeluncas e empresários tão
sujos quanto os então rios, transformados em esgoto. As ruas trazem uma leve
agonia no ar. Infectada pelos sem-teto, cansada de dar abrigo aos filhos das
ruas. As ruas pedem perdão, não conseguem mais aguentar o peso dos enormes
arranha-céus. O sistema decai e mostra a verdadeira face da sociedade que
vivemos. Nós somos escravos vivendo os nossos sonhos. Sonhos medíocres,
realidades podres, padrões pequenos. Somos encurralados em nossos quintais,
pagando hipotecas e suando para um patrão dar chibatadas em nossas costas nuas.
A ditadura como nunca se viu. O regime, não militar, mas consentido por todos.
A ditadura da beleza, o controle da tecnologia. Escravos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Assim que a noite cai, façamos nosso
ziguezague percorrendo as ruas sujas e apertadas. Entre bueiros e sinaleiras.
Lixos revirados, cães andarilhos, olhares de medo e tristeza escondido entre um
cobertor e um papelão fétido. As lâmpadas presentem a enorme escuridão que
recairá em cima de todos nós, civis e piscam, como um aviso de que a pior
tempestade está por vir e trará estragos que nem mesmo obras superfaturadas
irão contornar. Esse furacão será interior e entrará na mente do mais simples
pedreiro até o viciado em heroína do bairro pobre. Elementar que iremos bradar
as bandeiras de um país que não nos representa, aclamando uma nova era,
revolução. Seremos tão escravo quanto os negros traficados na África.
Batizaram-nos com uma nova consciência. Sem direitos, cen-sura. Iremos gostar
de tudo aquilo e agradeceremos dando nossos bens, partilhando nossas alegrias
em redes sociais. Tornaremos-nos zumbis. A tecnologia irá sugar tudo, até mesmo
nossas companhias. Ela, a verdadeira responsável por essa constante sensação de
solidão. Os médicos irão receitar os antidepressivos que seus filhos tomam. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> As perspectivas se esvaem aos
poucos. A esperança não passará de uma nuvem passageira dentre o céu escuro
deixando-nos no breu em plena luz do dia. Seremos cegos. Cegos. Cegos e surdos.
A mídia irá reproduzir sem ouvidos e o governo irá falar pelo povo. Eu não sei
o que realmente importa agora. Odiávamos tanto a alegria partilhada então
iremos provar da tristeza coletiva. Nada mais restará. Nada mais importará.
Como hoje já não importa.</span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-27992676208233338092013-08-31T20:01:00.000-07:002013-08-31T20:01:16.130-07:00Cordão Umbilical<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-iU9ELCzpzdc/UiJOi0gHcOI/AAAAAAAACe0/VJ_mrtGO0xk/s1600/leitora.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-iU9ELCzpzdc/UiJOi0gHcOI/AAAAAAAACe0/VJ_mrtGO0xk/s1600/leitora.jpg" /></a></div>
<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Introspecção. Eu sempre fui assim,
quieto, introspectivo. Eu sempre estive imerso no meu próprio interior, mundo
criado por um em universo paralelo. Alheio a tudo aquilo que me rodeava e isso
se aplica a tudo que pode ser pensado. Lembro-me da minha professora ter dito a
minha mãe: “Ele é muito quieto, quase nem se mexe ou sai do lugar. Não incomoda
e tudo está bom para ele”. Isso se repetiu nos meus anos escolares. A diferença
é que eu já não tinha a mesma paciência e obediência. Nunca fui bom, ou melhor,
nunca procurei ser. Quando era pequeno, minha mãe sempre me dizia que eu não
ouvia, falava ou me expressava. Ao crescer, na adolescência, meu pai me
criticou inúmeras vezes quando isso se tornou sinônimo de irresponsabilidade.
Perdi prazos, deixei de fazer tarefas e sempre fui um zero a esquerda no
colégio. O motivo para isso tudo sempre se manteve nas escuras, até então não
descoberto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Ao entrar na universidade aquele
horizonte de possibilidades e caminho me cegou. Por algum tempo eu pensava
somente na academia e os deveres dados por professores. Um dia, porém dei um
basta. Toquei o foda-se e caguei para a teoria. A minha ansiedade se tornava
cada vez maior e constante. Eu queria a prática, exercer aquilo tudo que estava
aprendendo. Isso por vezes me atrapalhou ao ponto de querer desistir de tudo.
Essa ânsia de querer viver o tempo perdido, de resgatar tudo que desperdicei,
em vão. Ainda penso nisso, mas não com a frequência de antes. O lamento pelo
que deixei de viver, fazer e produzir irá para o túmulo comigo. Resumidamente,
algo me atraia, mas ainda não sabia o que. E eu perseguiria isso até descobrir.
Finalmente aos poucos algo me despertara a intenção. Isso foi prosperando e
minhas pálpebras aos poucos ensaiavam um tímido despertar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Em 20 anos, nada me tocara como
aquilo. Foi preciso uma pessoa para eu então descobrir o que queria e iria
fazer. A resposta, simples e camuflada, tinha me acompanhado quando comecei a
escrever. Eu escreveria. Eu iria fazer, praticar essa coisa chamada <i>literatura. </i>Nem bem sabia onde ia quando
comecei a escrever aos 13 anos. Não pretendia e meus pensamentos não sondavam
tal alternativa. Após sete longos anos descobri o que estava na minha frente o
tempo todo. E foi o mais belo dos amanheceres. O sol mais esperado quando a
caneta tocou no papel e me dei conta: seria escritor. Faria o possível.
Dormiria poucas horas durante a noite, leria mais do que li em minha vida toda,
pesquisaria e me aprofundaria em qualquer detalhe que me chamasse atenção. Não
sei se sou, mas nasci escritor. A explicação cientifica assim como a passada
por livros e professores diz que a comida ingerida pela mãe acaba por ser
recebida ao bebê pelo cordão umbilical.</span><br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
O cordão umbilical não é somente a ligação
entre mãe e filho, ele vai muito além disso. O cordão umbilical é aquilo que
nos liga ao mundo. Nunca falei muito, mas necessitava me expressar de alguma
forma. A minha escrita é a forma de me conectar ao mundo. Preciso escrever e
ser lido, falar e ser escutado, pensar e provocar indagações. Eu não consigo me
imaginar fazendo outra coisa que não seja isso. Eu não consigo me imaginar
tendo uma conexão com o resto do universo se não for me expressando em palavras.
A realidade é que perdi muito tempo e é provável que demore ao lançar um livro.
Mesmo assim, o registro da primeira viagem ao centro do cérebros das outras
pessoas, totais estranhos até eu completar 20 anos, será feito com o
lançamento. Pode ser de contos, poesias ou até mesmo romances. O que importa é
o belo despertar de um longínquo sono.</span><span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<span style="background-color: whitesmoke; line-height: 18px; text-align: left; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Há apenas dois lugares possíveis para uma pessoa. A família é um deles. O outro é o mundo inteiro." Daniel Galera, Barba Ensopada de Sangue</span></span></blockquote>
</div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-45195687539425760022013-08-25T19:22:00.000-07:002013-08-31T13:29:33.256-07:00Soneto<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Estava ali no topo do mundo. Podia ver
todos os outros prédios daquela sacada de mármore. Observava as luzes
cintilantes que formavam uma bela vista. Avistava aqueles arranha-céus de pé,
escorado na sacada. Não sei bem por que estava ali, mas eu precisava relaxar
depois de um dia de trabalho maçante. Era necessário estar só, porém não
sozinho, meus pensamentos não deixavam. Ainda estava no trabalho, aproveitando
meu intervalo de 15 minutos. Enquanto estaria ali, trancafiado naquele
escritório de contabilidade, outros mil lares celebrariam a presença de suas
famílias, amantes se encontrariam no apagar das luzes em motéis, homens
perdidos tentariam se encontrar em bordéis, e eu me perderia no meio de folhas
recheadas de cálculos. Embora ainda fosse capaz de perceber a minha hedionda
realidade sem aquele trabalho, eu repugnava-o com todas as minhas forças. Minha
faculdade foi repleta de notas altas, professores bons, mas não memoráveis e
colegas quase acéfalos. Sempre tive um zumbido no ouvido que mais se parecia
com um eco que tentava decifrar em vão. Tenho quase certeza que me alertava a
não continuar no curso de Economia. Eu odiava a monotonia dos estudos. O
resultado foi um canudo do qual me arrependo de ter conseguido, noites mal
dormidas e um rosto que se abdicou de sorrir, ausente de expressões, tomado
pela melancolia. Eu era isso, um quadro em branco com uma moldura de
esmorecimento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Meu interior gritava. Eram gritos
agudos e lancinantes que me tomavam o ar. Eram gritos de vozes aflitas, entremeadas
de surdos lamentos. Eram vozes de tristeza e pesar. Minha existência até então
era um registro invadido pelo branco da nulidade de vida e emoções sentidas. Eu
era ininteligível para todos e inclusive, para mim mesmo. Era um soneto tocado
por um pianista mergulhado nas trevas tentando compor o seu último trabalho.</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> <o:p></o:p></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-79944208622825816682013-08-18T19:29:00.000-07:002013-08-18T19:29:22.751-07:00Maceió<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O acúmulo de tudo resulta nessa
inóspita e grandiosa dor. Essa imensa angústia indesejada que se concentra ao
leste de meu coração, como se o vento parasse e se perguntasse por qual caminho
trilhar. O breu que ilumina meu olhar é o mesmo que se afunda no vazio de meu
peito. Essa dor não é passageira, nem mesmo a melancolia que vem acompanhada do
vazio concentrado em mim. Uma sensação engraçada, porém não me tira nenhum
sorriso da cara. Assim, imitando uma cachoeira colossal desabando do cume de
uma montanha. Vem com força arrebatadora, mas quando pode ser vista ao passar
dos galhos e pedras, peixes e areia, não traz nada consigo, somente a força
sobrenatural rasgando a natureza, tirando das casas as raízes fincadas na terra
e as certezas plantadas, empurrando para baixo a vegetação rasteira e afundando
qualquer esboço de felicidade. O turbilhão de peixes é afastado pelo magistral
esforço feito pela água que não trata de limpar, mas sim, misturar aqueles
sentimentos impuros e negros. Traz a confusão que flutua com a sujeira vista na
água clara. Uma onda insipidamente colorida com as cores do caos latente,
movida pela melancólica marolinha que molha o desamor e pinga em minha face
adoecida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Essa dor não é passageira, ela
pernoitará a noite e quiçá o dia. Ela irá se afundar dentro de mim e me
atormentará ininterruptamente. Se concentrando em meu peito, como o vento de um
tornado que para e se pergunta por qual diretriz se deixar levar. Não saber
onde ir é sempre uma forma de chegar, até mesmo ao seu cume interior embora a
vista não seja das mais belas. Se reconfortando na saudade, bebericando no
chafariz da nostalgia procuro me encontrar. Puxando todas as pequenas raízes,
esperando que aquilo me traga o que ainda restou. Da terra molhadas, das pernas
cansadas, dos pés calejados. Pés cansados da vida de andarilho. Pesados pelo
fato de carregar em seus calcanhares todos seus sonhos. Pés que abrem os
caminhos. E que os caminhos se abram, assim como meu peito. Como numa
impossível que ele seja tomado pela alegria, deixando de lado o tormento
escorrer como uma ferida aberta. Ferida aberta de uma torneira lacrada e
guardada pelo remorso. Como uma torneira que desperdiça a água que sai do seu
ventre, como o filho que faz força ao adentrar o mundo canibal e sair do carinho
maternal. Como o coro contido que se esvai aos poucos. A enorme cachoeira
relatada. Vem e quando não se nota,
carrega a força descomunal para no final deixar a si com nada. Absolutamente
nada. Absolutamente nada no peito, que aos poucos será tomado pela enorme
angústia que fica à espreita, pestanejando uma casa tal qual o órfão que ronda
o lar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Quero minha casa, meu lar. Ouvir o
amanhecer brotar, sentir a respiração amadurecer, a pele ser tocada pelo frio.
Os seres de pele fria sempre combinaram comigo. O frio conforta e leva consigo
aquilo que o calor não preenche. O sol nem sempre ameniza aquilo que é vago.
Bom seria voltar para a casa. O frio irá de congelar essa enorme solidão,
regará a euforia e ensimesmado refutará o calor que não aquece, intangível aos
que somente tem a visão. O frio irá de congelar as águas e mares desse rio. E
virão outros rios, e virão outros mares. Maceió.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-71014100813770651482013-08-07T16:37:00.000-07:002013-08-07T16:51:56.811-07:00PLMDDS<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Estava novamente na estrada, meu
destino era Criciúma. Paramos em Sombrio por aproximadamente 20 minutos.
Sombrio é 1 hora distante de Criciúma, e a parada naquela cidade era mais uma
daquelas que estava no cronograma da viagem. Um bar-restaurante à beira da
estrada para os viajantes comprarem algo e irem ao banheiro. Fui um dos
primeiros a descer do ônibus e me dirigi ao banheiro. Logo após sair de lá, ao
ir para o ambiente externo avistei dois homens se abraçando de forma intensa.
Nada demais, continuei andando e chequei meu celular ao mesmo tempo em que
comia um salgadinho. Foi então que os olhares dos então presentes me fizeram
reparar em um beijo homossexual. Minha reação foi nula, visto que estão nos
seus direitos, mas para os expectadores não. Faces incrédulas como se não
acreditasse que fosse possível dois homens se beijarem. Devem ter pensando “que
ousadia”, ‘audácia’ e afins. Alguns devem ter se sentidos invadidos,
consternados e até mesmo incomodados pelo gesto de afeto protagonizado pelo
casal. Pois bem, eles idem. Acabaram saindo de vista por causa dos olhares
nada discretos. As pessoas estão no seu direito de reparar também, e vamos ser
sinceros, como sociedade estamos longe de uma consciência moderna. Ainda temos
um longo caminho a trilhar para escapar de certos dogmas e tabus. Já ocorreram
beijos gays em novelas, tais quais em filmes, tendo até o tema como propósito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Recentemente vi em uma novela que um
dos principais protagonistas é gay. Outras novelas já abordaram o assunto e
tiveram homens e mulheres interpretando esses papéis. Na elaboração do
personagem, sempre está presente o bom humor e o fato de serem engraçados para
mascarar o preconceito, caindo no gosto do grande público. Mas então, porque é
tão difícil aceitar um homossexual quando nas telas isso se dá com facilidade?
Em Santa Cruz do Sul, há pouco tempo, o pastor e deputado Marcos Feliciano, o
autor da proposta de “cura gay” esteve palestrando em compromisso com sua
Igreja. O papa Francisco também visitou o Brasil com seu bom humor, embora não
tenha tocado em nenhum assunto polêmico, como o aborto, uso de camisinha e
outros métodos contraceptivos e a homossexualidade. Ao menos Chico cativou a
todos. A Igreja hoje conta com uma pessoa que se blinda de temas polêmicos mas revitaliza o público com
palavras dóceis e dá uma aula de como reestruturar uma marca já gasta: uma aula
de marketing. O catolicismo nunca esteve tão em baixa em solo brasileiro, um
lugar conhecido pela devoção. O argentino deu uma aula de tratamento ao
cliente, Nem nas aulas dos cursos de Publicidade encontram um professor que dê
exemplo melhor do que o Papa Hermano. Para a Igreja e sociedade, a
homossexualidade é de fato, e continuará sendo um tema complicado. Não será
Francisco que irá mudar isso. Não é uma crítica e sim uma constatação, veja
bem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> As reações vistas por mim, assim
como os risos e até ofensas me fazem pensar o quão preconceituosos ainda somos.
Temos problemas maiores como pessoas e cidadãos e mesmo assim, nos importamos
com um ato de amor. Qualquer ato de amor é válido e felizes são aqueles que se
amam, que tem alguém para amar e zelar. Não vivemos no século XV para
comemorarmos a vinda do Papa e nascimentos e filhos de casais reais. Essa visão
retrograda em nada nos acrescentará. Dom Pedro tinha inúmeras amantes, dentre
esses amantes, alguns homens. No Egito Antigo há provas do homossexualismo em sua
cultura e sociedade. O preconceito contra algo que está enraizado na historia
humana é no mínimo curioso. O homossexualismo sempre existiu e sempre existirá.
Ah, e sobre a cura gay: PLMDDS* né<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">*PLMDDS é uma expressão
que significa: pelo amor de Deus. </span></i><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">PLMDDS é o título de uma
das colunas do escritor Daniel Galera n’O Globo. O autor de Cordilheira usou a
mesma expressão para falar sobre o nascimento do filho real. Galera escreve
sempre as segundas. </span></i></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-33624734052271764352013-08-04T17:24:00.000-07:002013-08-04T17:24:47.042-07:00Eu quero saber<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-XqcbMQq0VY0/Uc3PRI_aEBI/AAAAAAAACbg/h--L2EHL4pU/s1280/love.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://2.bp.blogspot.com/-XqcbMQq0VY0/Uc3PRI_aEBI/AAAAAAAACbg/h--L2EHL4pU/s640/love.jpg" width="426" /></a></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Eu quero me aproximar, fazer tua luz
cega parte de mim. Eu quero me adonar de tudo que existe dentro da sua alma
arruinada, do teu coração cigano, da tuas pernas leves, da sua boca deteriorada
por amores falhos e paixões inventadas. Eu quero fazer parte de tudo que é seu
porque afinal, somos feitos de pedaços alheios, roubados no apagar das luzes e
fechar das cortinas. Somos apenas colecionadores de olhares enigmáticos mais
sinceros do que as confissões e promessas nos ditas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Eu quero saber se eu posso me adonar
de você, quero saber se eu posso mais do que além de te querer. Se nada eu
o puder, irei então mergulhar às trevas. É uma verdade ululante aquilo que
você não consegue dizer, mas o que o seu coração sente. Mesmo assim você me
abandona toda vez, como se eu fosse invadido por ondas gigantes que percorrem o
meu sul, da minha barba falha até as minhas certezas. Você não tem ideia do
quão fundo estamos ou não acredita? Querida, estamos abaixo daquela podridão
que nos cerca nos corredores da agonia e das esquinas em que a tristeza pega
ônibus lotado de sofredores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Ouvi dizer que as noites são para
pensar e toda madrugada você vaga pelo labirinto da minha mente, entre meus
pensamentos mais depravados e cheios de amor. Quantos outros segredos você pode
manter? Me liberte de todos os dejetos, de toda minha egolatria. Vou rastejar
até encontrar a sua linha de chegada, descobrir entre tuas montanhas o que tu
guardas de mim, o que o teu silêncio gritante pensa ao meu respeito. Meu desejo é
embarcar na tua roda gigante de sentimentos mesmo com qualquer enjoo comum. Eu
quero saber, eu quero saber... mesmo que isso me mate.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-1420763664743649582013-07-28T17:13:00.000-07:002013-07-28T17:13:23.327-07:00 Saudade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Lg1DA7bMFNs/Ud96_DNPzMI/AAAAAAAACdQ/P92PLbMkVDc/s1600/face.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Lg1DA7bMFNs/Ud96_DNPzMI/AAAAAAAACdQ/P92PLbMkVDc/s1600/face.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Inquietude latente dançando no
compasso do descompasso. A melodia de uma saudade enclausurada me cega da luz
radiante. Acordei após uma embriagada noite de paixão, murmuro por perdão para
a saudade torturante me libertar. Como dói descer a ladeira de sentimentos e tocar a
campainha da melancolia. O seu encontro sempre deixa rastros. Se existe algo
que aprendi com essa menina é sobre a dor. E ela, como uma grande criação é
dotada aflição. Apesar de seu pesar, é dela que se transforma em uma obra de
arte. Jovem como o vento que surrupia a censura imposta pelas saias longas.
Jovem e cansada de correr. Jovem e carregada de dissabor. Ontem o dia não foi
fácil, como qualquer dia da vida essa ninfeta. Seu cotidiano maçante lhe é empregado
sem delongas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje também é árduo. Trilhar o obscuro
caminho esburacado do incerto sempre causa alguns tropeços. Os olhos movem-se através dos óculos que procuram a precisão na estrada do breu acompanhada pelo
insolúvel pavor que brota nos pés. A frouxidão das pernas é escancarada pelo
caminhar vago e demorado. Se havia compreendido algo em sua vida é de que
estamos acordando continuamente de sonhos que demoram a se concretizar. A
imaginação se dá por horas, o despertar ocorre em segundos. O que fazer então
quando não há o antecessor? O que fazer
quando o sono não vem? A madrugada se torna a mãe acolhedora que passa em todos
os leitos do mundo, sussurrando o silêncio, retribuindo o barulho moribundo do
eco de pensamentos densos, aglutinados, porém dispersos, desleixados, mas bem
nutridos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As olheiras se tornam barcos e os
olhos navegantes a se aventurar pelo que a noite reserva. Tudo e nada não
bastam. Tudo ainda é pouco, nada é um pouco de tudo. Nesse minuano carregado de
trovoadas encobertas de reflexão, no meio do olho do furação, dentro do redemoinho que
faz a cabeça dar giros, traz a tona os medos mais íntimos, das entradas da
inocente infância, das entranhas do aconchego materno. Caso em suma, o
proposito seja se perder então, objetivo concluído. Uma boa noite de sono faz
toda diferença. O devaneio causado pela insônia procura a cura de hematomas
antigos. As fachadas de cada machucado são abertos em vão. Esse fogo morto
dentro de mim, essa natureza mortífera que é o cérebro e seus agentes, os
pensamentos, conseguiram o golpe do ano. Parte de mim foi assassinada. O
objetivo talvez fosse apenas a morte de meu sono, mas ao levantar das cortinas,
ao ver o sol se por, senti falta do meu ânimo para recomeçar o dia, da vida que
estava aqui e foi tirada sem avisos, nem bilhetes. Tirada de mim, sorrateiramente.
Beliscando as paredes do meu consciente, embora sorridente, somente tivesse a
tristeza sem fim.</span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-57702033020516520052013-07-21T18:01:00.000-07:002013-08-28T16:30:05.653-07:00Amanhã<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao que ainda me recordo meu nome é Carlos. Ando meio zonzo pelos choques que me deram. Estou surdo da
orelha esquerda, embora ouça muito bem os murmúrios de esperança do povo e da
tentativa silenciosa de cala-lo. Tenho 27 anos bem vividos, dentre eles, 5 pelo
Aliança Nacional Libertadora. Meus cabelos crespos hoje estão cortados. Devem
estar no chão de qualquer DOI-Codi. As marcas pelo meu corpo são eternas, assim como
a chama que floresce a cada pancada. Murros e chutes são comuns nesse
nordestino. Sou cabra macho, resisti a quatro interrogatórios daqueles
assassinos. Traidores da pátria, estão enganando a si mesmos, defendendo aqueles que ao virar as costas irão fuzila-lo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Não sei bem o que houve com Adrian,
Lauro ou Helvécio. Não tenho nenhum resquício de notícias de minha menina,
Marjorie. Ela me entregou, assim como tantos outros companheiros que se
renderam. Não os lamento, cada um tem seu limite. A luta armada continua por
trás dessas grades. Os lírios de nossos campos não tem o mesmo brilho. As
flores de nosso querido país são regadas a ódio e sangue. As cores de nossa
bandeira estão se esvaindo, assim como as minhas esperanças de sobreviver
aqui neste lugar. Se não fosse minha orientação cristã, teria já praticado o
suicídio. É o que mais me passa pela cabeça, porém não tenho nenhum instrumento
a não ser essa arma apontada a minha cabeça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Estou em um cubículo escuro. Me
acostumei a lugares pequenos e fechados desde os tempos de Grêmios Estudantis.
Não me é concedido o cigarro. O lugar é fétido, cheira a azedume com que sou
tratado. Há uma doce angústia que paira no ar neste fosso. Fezes estão por
todos os lados como se estivesse em uma gaiola. Os excrementos me fazem
companhia, e para os militares, sou um parente próximo deles para ficar tão
perto assim. Converso com minhas cicatrizes, elas me dizem para resistir. Os
hematomas dão cor ao corpo branco. O sangue se concentra em minha boca, nos
ferimentos. São enormes coágulos e alguns edemas nas costas e braços oriundos
das agressões que sofri. Meus pensamentos procuram me confortar, dar uma
palavra amiga. Minha cabeça dói e quase me impede de pensar, mas nem as dores
nem a reclusão me evitam de acreditar que este é um pesadelo ao qual um dia vou
acordar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Tento ser otimista. Marighella
estaria orgulhoso de mim. Estaria, se não estivesse morto. Nosso mais
nobre companheiro foi pego em meio à batalha. Tiros o tiraram da luta, embora
nossos irmãos ainda lutem por ele e pelo nosso Brasil. Liberdade a qualquer
custo como o próprio Carlos dizia. Não tenho seus livros aqui, minha rotina são
os espancamentos e a horrível alimentação. Mijam no arroz e misturam com carne
de terceira. Isso quando tem carne. Não me lembro quantas refeições fiz até
agora, mas sinto meu estômago roncar cada vez menos. Ele está se acostumando a
se alimentar da angústia e da tristeza latente em meu olhar. Estes traumas pra sempre irão me aprisionar.
A ditadura conseguiu enclausurar o principal: o nosso consciente, mas mais do
que isso, o consciente coletivo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Estou tentando me agarrar ao que
posso, embora no momento minhas contas estejam atrasando e toda minha poupança
tenha sido revirada. Como foi meu apartamento quando me encontraram. Tudo
quebrado, livros revirados, móveis destruídos. Felizes são os exilados. Felizes
são os ignorantes, os inertes ao que está acontecendo. Felizes são as crianças
e inocentes que não veem o ocorrido. Perdão e misericórdia. Não para mim, mas
para as mulheres estupradas e aos futuros filhos da ditadura. Misericórdia aos
que se entregaram e aqueles que fingem não ver. Perdão aos amaldiçoados sem
alma que ao defender o país dos “terroristas”, estão trazendo apenas o regresso
de volta. Orwell previu isso, mas não previu o amanhã. Não sei o que será de
mim amanhã. Nem mesmo o que acontecerá com minha pátria verde e amarela. Tento
me confortar com a poesia de Chico. “Amanhã vai ser outro dia / Amanhã vai ser
outro dia”. Eu espero que Chico esteja certo.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="post_title medium" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); background-color: white; box-sizing: border-box; line-height: 29px; margin-bottom: 10px; outline: none 0px; text-align: left; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“<span class="quote" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); box-sizing: border-box; outline: none 0px;"> … queira-te eu tanto, e de tal modo em suma, que não exista força humana alguma que esta paixão embriagadora dome. E que eu por ti, se torturado for, possa feliz, indiferente à dor, morrer sorrindo a murmurar teu nome</span>”</span></div>
<div class="post_body" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); background-color: white; box-sizing: border-box; color: #444444; line-height: 19px; outline: none 0px; padding-top: 2px; text-align: left; text-indent: 0px;">
<table class="quote_source_table" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); border-collapse: collapse; border-width: 0px; box-sizing: border-box; outline: none 0px;"><tbody style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); box-sizing: border-box; outline: none 0px;">
<tr style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); box-sizing: border-box; outline: none 0px;"><td class="quote_source_mdash" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); border-width: 0px; box-sizing: border-box; outline: none 0px; padding: 0px;" valign="top"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">— </span></td><td class="quote_source" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(0, 0, 0, 0); border-width: 0px; box-sizing: border-box; outline: none 0px; padding: 0px;" valign="top"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">LIBERDADE, Carlos Marighella</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
</div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-1518429481142441262013-07-14T13:00:00.000-07:002013-07-14T13:00:04.551-07:00Arte<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Às
vezes eu desenho. Antes de iniciar na literatura, o desenho era a minha forma
de expressão. Desenho desde os 4 anos. Confira a minha participação na Unisc TV
e algumas das ilustrações feitas por mim. (basta clicar nas imagens para ficarem mais visíveis)</span><o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-zuJQ9fXTMyY/UdtX1_9x6NI/AAAAAAAACco/wTmQOCnGJmw/s1600/2.tiff" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="http://2.bp.blogspot.com/-zuJQ9fXTMyY/UdtX1_9x6NI/AAAAAAAACco/wTmQOCnGJmw/s400/2.tiff" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-e2cLI3AG9PI/UdtYDOtdtUI/AAAAAAAACc4/bwk8Co_pjc8/s1600/3.tiff" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="http://1.bp.blogspot.com/-e2cLI3AG9PI/UdtYDOtdtUI/AAAAAAAACc4/bwk8Co_pjc8/s400/3.tiff" width="400" /></a></div>
<br />
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<a href="http://2.bp.blogspot.com/-oPsk4ggDPpc/UdtYAuVGZNI/AAAAAAAACcw/rKVdnVXFlWA/s1600/4.tiff" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="http://2.bp.blogspot.com/-oPsk4ggDPpc/UdtYAuVGZNI/AAAAAAAACcw/rKVdnVXFlWA/s400/4.tiff" width="400" /></a></div>
<br />
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<a href="http://2.bp.blogspot.com/-AVBir8bYvkg/UdtYKW9fIqI/AAAAAAAACdA/sRIVGZWehvc/s1600/5.tiff" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="http://2.bp.blogspot.com/-AVBir8bYvkg/UdtYKW9fIqI/AAAAAAAACdA/sRIVGZWehvc/s400/5.tiff" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/hXTpVk0nf4Q" width="560"></iframe></div>
<span id="goog_1518576267"></span><span id="goog_1518576268"></span><br />Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5335121156269170408.post-70591570395868754782013-07-07T17:08:00.000-07:002013-07-07T17:08:44.439-07:00Esplanada<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu estava ali, com os pés fincados
no chão batido acompanhado pelo frio do minuano gaúcho característico da época
do ano. Bati os pés em um ato parecido com o dos cavalos, mas com a intenção de
me mexer, movimentar, espantar o frio. Mesmo assim, observava quase que imóvel
a paisagem. Fiquei ali ao lado da calçada, perto da grama recém-cortada um
tempo indeterminado. Meus olhos corriam procurando incansavelmente pelos
detalhes. Procurava por algo, mas não por um alvo. Não sei se estava apenas
olhando ou pensando, ou então, nem isso. Ainda que não houvesse nenhuma
explicação para estar lá, me mantive ali. Aquele horizonte não era novidade pra
mim, mas deixou-me assim, vagaroso. Minha visão percorria pelo campinho de cimento
quase tão rápido quanto os moleques da rua jogando. Atrás do campinho que, ficava
em uma parte elevada do terreno, tinha uma via de duas mãos. O asfalto era o
caminho de carros que passavam em alta velocidade. No fundo, lá no morro,
aquela imensidão verde recheada de casas espalhadas pelo monte como granulados
em bolo de chocolate.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> No campo, meninos quase chegando a
fase adulta trocavam passes, chutavam a bola sem nenhum comprometimento, apenas
pela diversão. Sorriam sem o peso da pobreza aparente em suas roupas. A testa
suada do de vermelho, o de branco escorado na goleira, o goleiro fora de
posição; tudo invertido, tudo ao contrário. Eu desejava estar ali. Quase nunca
batia uma bola, foram poucas vezes durante a infância que joguei na rua com o
pessoal. Pelada na rua é quase como a vida: as regras são ditadas pelo maior
número de pessoas, se não gostou ou não agradou, banco. Falta nem existe, impedimento
também não. Quase tudo vale, até anoitecer e o céu dar lugar ao breu. Todos
esperam ansiosamente que isso não ocorra, que o Sol prevaleça. Nem tudo é um
mar de rosas e uma hora o carnaval tem seu fim, o dono da bola tem a orelha
puxada pela sua mãe que exige a volta para a casa do filho. Os outros
inconformados vão junto, deixando comentários sobre a partida durante o
trajeto, lembrando gols e dribles ao deitarem na cama. Muitos ali sonham em serem
jogadores de futebol, assim como aqueles que um dia jogaram partidas de ruas.
Me deparei sentindo saudades da infância que batia na minha porta e procurava
entrar pela janela. Ela trazia consigo uma mala de tristeza e vazio, vazio do
encerramento de etapas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Triste isso. Uma hora a idade adulta
chega, sem mais nem menos, quase sorrateiramente, sem procurar a campainha.
Ainda era um privilegiado, algumas crianças começam nessa vida muito cedo.
Certo sentimento de resignação me vinha a mente, era necessário aceitar.
Galeano já dizia que <i>é preciso perderse para volver a encontrarse</i>, mesmo que, em 23 anos de idade
nunca tivesse algum resquício de pensamento sobre o assunto. Os olhos voltavam
ao morro verde, vigiando as luzes dos chalés. Um grito o lembra da realidade,
como um despertar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> - Ô tio, manda a bola aí.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Peguei-a me sentindo como Roberto
Carlos na hora de cobrar uma falta, mas bati como Júnior Baiano. Se você não sabe quem é Júnior Baiano, nem perca tempo, era um péssimo zagueiro, tão ruim quanto eu. O que nos diferia a estatura; ele um negro alto e eu magrelo baixinho. As risadas
deslocavam-se juntamente a bola que passou longe do pessoal. Respondi com um “desculpa”
envergonhado e finalmente volvei a caminhar. Era um zero a esquerda no futebol
desde pequeno, nunca gostei muito, porém como bom brasileiro, você precisa jogar bem futebol ou ouvir samba, escolhi o futebol. O que me fazia jogar era a adrenalina, os
olhares tensos, os movimentos rápidos, observar as reações. Uma ciência para
alguns, arte para outros, eu, o público. Olhei pra trás enquanto dava passos
pela calçada esburacada da esplanada. Nunca seria como aqueles meninos, nunca
mais teria a chance de dar uns chutes, mesmo que tortos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Confira também no Raplogia: <a href="http://freeraplogia.wordpress.com/2013/07/07/magna-carter-revolucionario-em-partes/">Magna Carter revolucionário em partes</a></span></div>
Frederico de Barros Silvahttp://www.blogger.com/profile/03847160150266497644noreply@blogger.com0