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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Entre a vida e a morte



Eu te amo, e preciso de você”. Essas foram as últimas palavras que John desferiu antes de Valerie partir. Mesmo decidida, tais palavras atingiram ela como um tiro e paralisada ela permaneceu por segundos. Valerie estava cansada do descaso dele. Suas mentiras foram a ruína, suas traições fizeram seu sorriso se esconder. Nenhuma mulher aguentaria o que ela aguentou, teria feito o que ela fez por John. Ela morreria por John, daria sua vida por ele, trocaria seu coração pelo dele. Mas no fim, nada disso importou. Ele havia quebrado o coração dela muitas vezes, eles deram alarmes falsos em demasia e ela, morria a cada dia ao lado de John. Ninguém morre do nada, todos nós morremos de decepção, e foi essa que matou o amor deles.
                Ela não desferiu nenhuma palavra. Apenas olhares sinceros, como os de quando eram apaixonados, de quando o amor prevalecia entre eles. Naquele apartamento bagunçado, como o próprio John e suas escolhas, uma peça estava indo embora e faria mais falta do que qualquer outro móvel. Sua mulher estava indo e por segundos ele conseguiu perceber a dor que ela aguentou por tanto tempo. Ele seguia os olhos dela como um cachorro persegue o carteiro. John sabia que essa era a última vez que ela lançaria um olhar para aquele lugar. Não sabendo como reagir ele apenas observou Valerie passar os olhos por cada móvel comprado junto, cada canto em que fizeram sexo, cada situação vivida que naquele momento estava mais viva que nunca.
                Quando uma mulher decide ir embora, não há o que fazer.  Por trás de cada ‘eu te amo’ mentiroso de John havia um pouco de tristeza e decepção consigo mesmo por não conseguir retribuir um amor verdadeiro como aquele. Ambos tiveram problemas como qualquer casal, mas nada justificava o fato dele se apaixonar por outra. Isso foi imperdoável. Pra ele, principalmente.
                Hoje em dia ambos são fantasmas. São almas machucadas com corações partidos que vagam pelo mundo procurando conforto, carinho, sexo, qualquer coisa que combata o vazio gritante. Sabem que apenas podem procurar por isso, pois amor acontece apenas uma vez na vida. Apenas uma vez na vida, na forma que aconteceu com eles. Quando o destino une, as coincidências batem e os ventos prosperam um futuro brilhante, não há quem consiga fazer frente. E por um tempo foi assim. Foi algo tão intenso que nunca esquecerão um do outro. Foram menos de 2 anos, mas que valeram por uma vida inteira.
                Ele se despede todos os dias da vida, pois sem ela não existe vida. A decepção o mata cada pedaço do seu corpo. Passa o maior tempo sozinho em sua casa doente, como o seu corpo não funcionasse tão bem distante do dela. Sua pele deu lugar à rugas, além de sempre estar frio e com frio. O calor do corpo de Valerie o mantinha quente, a sua mente sã e o coração feliz, como remédio natural.  O sorriso dela era o seu sorriso, que por sua vez deu lugar à uma expressão fechada que exala morte, tristeza e solidão.
                Nós sabemos que é amor quando ele ultrapassa a vida e a morte, quando ele transita por esses dois rios tortuosos. Foi amor e sempre vai ser. Vai ser amor, mesmo que tenha morrido. Mesmo que tenha matado ambos. Mesmo que tenha acabado. Sempre é amor, não importa. 


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