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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

sábado, 15 de dezembro de 2012

Ensaios de um adeus

Ela fez as malas e foi embora. Nem deixou bilhete, carta ou algo do tipo, foi sem se despedir. Sem deixar rastros, ainda que eu conte seus passos na sala de estar. E eu não sei o que mais me machuca: a falta de um adeus ou não saber como seguir em frente. Todos os dias ensaio uma forma diferente de me despedir dela. Em algumas sou eu que levo suas malas para o táxi, em outras ela me dá um beijo e vai embora. Já inventei vários fins para essa história interminável. Já coloquei tantos elementos nesse meu conto imaginário: ela já foi embora de carro, a pé, táxi e ônibus, mas de certa forma, ela nunca foi embora. Não de mim, não daqui. 
Foram minhas fraquezas, incertezas ou meu jeito que afastou ela? Não sei, sempre caio nessa armadilha de opções infinitas. 'Vai ver, não era pra ser, né? Acho que nos encontramos na época errada de nossas vidas. Ou então, ela está esperando eu ir atrás dela', penso eu, ingenuamente. Provavelmente ela está feliz, e sabe que mulher quando desapega é de uma vez por todas, não existe nada que faça elas mudarem de ideia. 
Mas enfim, odeio esse papo feminista. Ela costumava falar isso quando eu soltava uma piada sem graça sobre esses assuntos. Será que foi isso que a fez ir? Esses dias mesmo eu tava mexendo na gaveta e achei todas as nossas lembranças. Passei a tarde sentado no quarto lendo na maior paz, na minha solidão libertadora, na minha prisão enclausurada do passado. E aproveitei pra colocar aquelas músicas que gravei para uns cds que dei pra minha eterna amada. Provavelmente hoje eles estão no lixo, ou no bidê, ou junto com aquela caixa que eu te dei. Te lembra? Naquele verão fazíamos uns 5, 6 meses... não sei, sempre fui meio ruim com datas, sempre me perdi no calendário... 
Droga, me perdi mais uma vez. Tentando te encontrar me perdi mais uma vez.  E quando eu olho pra janela, a chuva é o reflexo do meu corpo e o céu escuro não se compara em nada com a escuridão da minha mente. Na minha mente nada estaria acontecendo dessa forma, não assim, não agora, não ela!
Poderia não ser assim. Poderia não ser um adeus, podia ser um até breve ou já volto. Mas não é, e nunca vai ser. Pelo menos você me deixou inspiração para continuar aquilo que pra mim nunca acabou. Quem sabe eu junte forças pra escrever um ponto final nisso.

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