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Projeto de escritor. To sempre de malas prontas pra lugar nenhum por que até hoje não achei casa alguma dentro de mim. (Pra saber mais, clique ali em Quem eu sou, à direita)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

SOS


Alguns dias atrás eu tive que ir ao médico, fazer uma consulta rotineira. Saí do trabalho e chegando lá peguei a ficha e esperei me chamarem. Ao me chamarem, dei as informações para a atendente e fui para a sala da consulta. Esperei mais de 30 minutos para ser mal atendido. Ao sair do escritório, o que mais me assustou não foi o fato de ter sido mal atendido e ter me sentido ofendido e sim, me sentir inferior. Inferior, no caso, pela situação em que me encontrei e como fui tratado. O fato é que somos reféns dos médicos. Mestres, com doutorados, nos atendem como se estivessem fazendo um grande favor, como se fossemos todos inferiores a eles. E isso é passado ao cliente, que paga pela consulta, é ofendido e sai da sala de consulta com uma lista de recomendações, raio-x para fazer e exames para diagnosticar o que há de errado. Nosso complexo de inferioridade vem de situações como essas mas não é algo novo. Somos reféns de quem dependemos. Na verdade, precisamos de um hospital para as nossas almas, para nossos problemas de verdade. Precisamos de carinho, não de longas filas para atendimento. Precisamos de mais notícias boas, não de exames para procurar nossas imperfeições. Não precisamos de remédios, temos a cura dentro de nós mesmos. Por mais que isso tudo seja mais clichê, é a mais pura verdade. Não precisamos de tanto assim. Não precisamos de médicos. Não desse tipo.. precisamos de um hospital para almas.




Nós vivemos em um dos séculos mais conturbados. É evidente e por mais que a mídia acabe acobertando algumas coisas tão grandes e negativas, o impacto delas é sentido em nós. Vivemos na possível segunda grande depressão, e dessa vez não é apenas pela falta de emprego. É pelo emprego ocupar a maior parte de nossas vidas e o resto nos fazer falta. É pelos divórcios e as famílias quebradas. É pela obsessão pelo materialismo e o quanto usamos isso para ocupar espaços que acabam se descobrindo vazios enormes. Nós estamos cada vez mais usando mais remédios. A cada esquina existe uma farmácia. Porém estamos doentes por dentro. Procuramos em pílulas aquilo que o espelho não nos traz. Esperamos que remédios acabem com a dor que não pode ser localizada nem curada por métodos desse tipo.
 E o quanto mais usamos desses remédios, mais ficamos imunes a essas dores. Acabamos tornando-nos compulsivos, por mais e mais. Ansiedade pela vida, pelo tempo que foi e vai ser. Ansiedade que poderia ser e o que imaginamos que vai ser. Depressão, ataques de pânico, fobias. Nós pagamos por cura, mas cada vez mais estamos doentes. Cada vez mais sofremos mais. Sofremos com a solidão, com a conglomeração, com as angústias e com o que a sociedade impõe. Precisamos de um hospital que não disponha de soros, mas sim de palavras reconfortantes. Menos vacinas e mais gestos de carinho. Menos plásticas e mais elogios a nossas qualidades e virtudes. Mais carinho e compreensão. Não precisamos de plásticas para sermos perfeitos ou nos sertimos bem. Ao longo da vida tudo se vai, menos a nossa saúde, que hoje em dia, vai cada vez mais cedo. Tanto a mental quanto a física. Precisamos de um hospital para almas, para mentes e para vidas. Precisamos de um hospital para a humanidade.

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